Ela era uma mulher preta, 30 anos e mesmo com os cabelos ,melimetricamente, alisados continuava a ser  uma mulher preta.
Era uma mulher preta com uma criança de pele muitíssimo clara, quase translúcida nos braços.
Era uma mulher preta que carregava  a criança branca nos braços, causando olhando enviesados e cabeças que giravam para observar.
Eu, quebrando  um silêncio medonho e interrogativo disse-lhe da beleza da maternidade. Respondeu-me de uma forma  desconfortável, com a boca cheia de palavras um tanto ríspidas :- "Sim, ela  é minha filha!"
Deixei-me na  quietude e ela  retomou a fala claustrofóbica :-" Muita gente pensa que sou a babá, mas, sou a mãe- falou , a mulher preta", com veemência.
Assenti com a cabeça.
Histórias repetidas.
Diário de Bordo- Porto Alegre