Jair Bolsonaro, a mamata e a meritocracia

30/01/2020 15:53 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
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A última presepada no governo Bolsonaro é o caso da demissão do número dois da Casa Civil. O rapaz dançou ao usar avião da FAB para acompanhar a comitiva palaciana na Índia. Mas, após perder o cargo de secretário-executivo da pasta chefiada por Onyx Lorenzoni, Vicente Santini (foto) ganhou outra boquinha um dia depois. Na nova função, também na Casa Civil, ele teria praticamente o mesmo salário, quase 17 mil reais. Ocorre que tudo mudou, de novo, na manhã desta quinta. O garotão foi demitido pela segunda vez.

O presidente da República, como sempre, faz de conta que de nada sabia e, por isso, reage com indignação a atos oficiais de seu próprio governo. Bolsonaro mandou demitir o sujeito no caso do avião porque esse tipo de coisa sempre pega muito mal. Além do mais, é algo que contraria o discurso de que “acabou a mamata”. O eleitorado não engole explicação para deslizes nesse quesito.

E por que então Vicente Santini veio a ser nomeado pela segunda vez, mesmo com toda a gritaria do próprio Bolsonaro? Por que o personagem é amigão da família presidencial. Santini, informa a imprensa, seria íntimo dos irmãos Eduardo e Flávio desde que todos eram bem jovens. A dupla de filhotes do capitão nega. Nas redes sociais, as famílias aparecem juntas em momentos de badalação.

Fato concreto é que Vicente Santini indicou à família Bolsonaro uma empresa de segurança, depois que o Jair sofreu o atentado durante a campanha em 2018. E os Bolsonaro aceitaram a indicação. A empresa em questão pertence a um tal Tenente Santini (sim, é parente do rapaz da Casa Civil), vereador em Campinas-SP. Ele é o candidato a prefeito apoiado pela família Bolsonaro.

Vejam como o governo escolhe seus funcionários do alto escalão. Como diriam os rapazolas do bolsonarismo alagoano, é tudo por meritocracia! O mérito, no caso, é frequentar as mesmas baladas dos herdeiros de Bolsonaro – ou ter ligação com qualquer negócio que seja do interesse político dos cidadãos de bem do Planalto. Como escreveu Ricardo Noblat, é o governo de fundo de quintal.

Chega a ser engraçado ver como Bolsonaro se mexe para manipular o gado fiel que o segue nas redes sociais. O sujeito pode ser flagrado na maior das safadezas, mas basta uma explicação com base na lógica terraplanista, e os doentinhos acreditam piamente na lorota. Nesse episódio da Casa Civil, ele autorizou a renomeação do viajante da FAB, mas, ao ver o estrago, finge que foi enganado.

Sobre meritocracia, o exemplo mais claro de como esse critério norteia o governo está no Ministério da Educação. O impreCionante Abraham Weintraub é a prova cabal, incontestável e definitiva de como os garotões da nova direita idolatram gurus donos de uma erudição sem igual. Nunca esqueço que caravanas pelo país, incluindo Alagoas, lotavam auditórios para ouvir esse analfabeto.

A Casa Civil deveria ser um dos principais ministérios para a Presidência da República. Com Onyx Lorenzoni é apenas um arranjo para abrigar desocupados que gozam da intimidade dos Bolsonaro. A pasta da Educação, nem se fale, virou o cemitério de projetos numa área nada menos que estratégica em qualquer governo do mundo. Defender esse lixo é coisa de cretino ou doente. Sem alternativa.

Vamos falar sério. Sim, o governo Bolsonaro combate o viés ideológico em suas armações. No caso, sai o viés da esquerda e entra o da direita nazista e miliciana. A tragédia é justamente o casamento entre a ideologia da violência e a mamata para descerebrados que se acham alguma coisa. Tipo Allan dos Santos, da gang Terça Livre. Não há vestígio de decência nesse ambiente sujo.

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