Minha bisavó se chamava  Engraça Maria da Conceição.
 Era neta de escravizad@s e analfabeta.
 Fazia serviços de ganhos em casas alheias, produto cultural do escravismo.
Engraça teve alguns filhos, minha mãe não sabe dizer quantos.
Minha mãe, Alda Barros não lembra da avó e nem conheceu o avô.
Minha avó  materna de nome pomposo, Maria Augusta  Barros era uma senhora distinta, rígida em princípios. Uma preta afiilada, como diziam na época. 
Igualzinho a minha bisavó  também  não foi analfabetizada.
Foi  Maria Augusta Barros que deu fim ao casamento, com  Leopoldina Manoel da Silva, depois ficou viúva, e tocou sua vida na criação dos 3 filhos.
Era dona de  um pequeno negócio onde vendia alimentação, bem no centro da cidade de Maceió,AL. Na rua da estação do trem.
Naquela época o nome de empreendedorismo era sobrevivência.
Minha avó era uma mulher de determinação férrea e "obrigou" os filhos a estudarem.
Alda Barros, minha mãe  quebrou o ciclo da exclusão educacional  e se formou normalista. Não exerceu a profissão de professora, o sonho acalentado. Casou com Antonio Pedro dos Santos Filho, e teve 10 filhos. 
Ao longo da vida, Alda minha mãe  trazia um conselho na ponta da língua:- estudem para não terminar na cozinha dos brancos-dizia as 4 filhas. Todas conseguiram seu respectivo diploma de  nível superior.
Engraça  Maria da Conceição, Maria Augusta Barros e Alda Barros  retratam  gerações  de mulheres pretas que , a partir da realidade cultural e geográfica, assumiram (mesmo  que indiretamente) posição corajosa, incisiva, intransigente na superação do racismo.
Minha ancestralidade!

Foto 1- Maria Augusta Barros

Foto 2: Alda Barros