O carro de passeio riscava o asfalto quente, numa manhã de sol solto, no bairro do Poço, da capital Maceió,AL.
Nós o vimos bem de longe, atravessando a rua com uma lerdeza inquietante. A cabeça baixa encurvava as costas, numa impotência imensa.
Ele viu o carro, mas, fez de conta que não, e desacelerou o passo, quase se arrastando pela estrada agitada por carros, em alta velocidade.
Pelo canto do olho ele viu o carro, mas, não acelerou o passo, ignorou e abstraiu do tempo escaldante.
Ele viu o carro, mas, não temeu o risco de atropelamento. Se não fosse o motorista a frear o homem teria escapulido da vida.
Nervoso, o motorista gritou:- Está cego, meu irmão? Quer morrer?,
Ele voltou o olhar sem expressão alguma , com uma apatia medonha para o motorista e continuou sua travessia, a cabeça baixa, a alma pendendo de seus olhos.
As mulheres do carro falaram em depressão, o motorista resumiu sua visão masculina do fato:- Ele levou foi gaia.
E lá se foi o homem arrastando sua tristeza mundo afora.
Depressão?

Raízes da África