A vingança do Ministério Público de AL contra o promotor Coaracy Fonseca

28/11/2019 15:19 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
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No último dia 16 publiquei aqui um texto sobre a situação do promotor Coaracy Fonseca (foto). Ele encara uma ofensiva do Ministério Público Estadual, que acaba de afastá-lo das funções por um prazo de 120 dias. Fonseca já exerceu o cargo de procurador-geral de Justiça, mas nos últimos tempos virou inimigo número um da própria instituição da qual faz parte. Como falei naquele texto, o promotor enfrenta uma ação coordenada, também com o braço da Defensoria Pública do Estado. Tem todo o jeito de uma vingança.

O ex-chefe do MP entrou na mira dos colegas após publicações em redes sociais. Fonseca acusa a entidade de se omitir diante de atos do governo estadual. O atual procurador-chefe, Alfredo Gaspar de Mendonça, e o promotor Eduardo Tavares são os principais algozes do colega punido. Os dois se dizem vítimas de calúnias por parte de Fonseca. Acabam de acertar um duro golpe como reação.

Diz trecho de nota da entidade: O Colégio de Procuradores de Justiça do Ministério Público do Estado de Alagoas, órgão máximo da instituição, responsável pela salvaguarda das atribuições dos membros – Procuradores e Promotores de Justiça – do MPE-AL comunica a todos que não tolerará, de nenhuma forma, qualquer tipo de agressão, insinuações ou ataques à honra de seus membros.

Vejam que coisa curiosa. Se um cidadão qualquer apontar desvio de conduta em atos de algum doutor do MP, com a expectativa de haver punição pelo eventual erro, vai morrer de velhice, lá pelos cem anos, e não verá providência nenhuma. O que predomina, em casos assim, é um corporativismo instransponível. Tudo ali dentro funciona para blindar os doutores de toda e qualquer fiscalização.

É por isso, aliás, que todos eles abominam o projeto de lei sobre abuso de autoridade. É o que move gente como Deltan Dallagnol e a patota da Lava Jato, aqueles rapazes salientes do MP do Paraná. Reparem que o menudo das bochechas rosadas aprontou de tudo desde que a fama o tirou do anonimato, foi denunciado incontáveis vezes, mas nada, nada mesmo, é capaz de frear o delinquente.

É ainda mais engraçado que a nota do MP afirme que o Colégio de Procuradores não tolera sequer uma “insinuação” contra seus impolutos membros. Pois é. Aqueles vigaristas da Lava Jato despejaram ofensas diariamente contra todas as instituições do país, notadamente o Supremo Tribunal Federal. Quando chamados a dar explicações, alegam direito à opinião e esbravejam que são “perseguidos”.

Ou seja, para achincalhar todas as instâncias da República, basta que os garotões do MP fiquem abusados com uma decisão de um juiz, de um ministro ou de um tribunal. Mas saem dando pinotes, ensaiando indignação quando algum desavisado ousa apontar suas próprias falhas. Como boa parte do Judiciário, o MP é um modelo do mais perverso compadrio na proteção de seus interesses.

Coaracy Fonseca cometeu o erro fatal de bater na própria categoria. Não tem chance de escapar da guilhotina. Por mais que tenha o que dizer, por mais que afirme ter evidências de suas denúncias, nada do que diga ou demonstre será levado em consideração – a não ser contra ele mesmo.

Em outro trecho da nota do MP, divulgada pelo CADAMINUTO, os valentes juristas da entidade voltam a “acusar” Coaracy Fonseca de ser maluco. As denúncias mostrariam o promotor “em aparente crise de instabilidade psíquica”. De novo, é a força de uma operação combinada contra o promotor.

Pelas redes sociais, Fonseca reagiu à decisão do MP. Diz ele: Fui julgado pelo colegiado sem contraditório e ampla defesa. Palavras e frases infelizes foram lançadas sobre mim, que ferem a minha reputação e a minha honra. O promotor vê motivações políticas na truculência de seus pares.

Já escrevi aqui uma pancada de vezes: quando instituições se deixam contaminar pela bactéria da política partidária, a coisa vai para o brejo, afunda de vez. É o caso do Ministério Público em Alagoas, como de resto em boa parte do país. Coaracy Fonseca mexeu com uma engrenagem implacável.

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