Alvo de operação combinada, Coaracy Fonseca desafia a máquina do poder

16/11/2019 02:20 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
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O promotor Coaracy Fonseca (foto), que já esteve no topo do Ministério Público Estadual, como procurador-geral de Justiça, está na mira de sua própria instituição. Ele enfrenta também uma investida da Defensoria Pública. Em ação coordenada, os chefes dessas entidades tentam levar o colega do mesmo ramo para a cadeia. É o que noticiou o CADAMINUTO a partir de ações movidas contra o promotor junto ao Tribunal de Justiça. É uma guerra entre pesos pesados raramente vista por aqui, ao menos nesses termos.

Não lembro de outra ocasião em que algo dessa natureza tenha sido registrado. Mas o que afinal está por trás dessa confusão inédita entre doutores de toga? É nebuloso. As notícias informam que Fonseca virou alvo do MP e da Defensoria depois de apontar ilegalidades em atos do governo estadual, com respingos para os órgãos citados. Os fatos, no entanto, carecem de esclarecimentos.

Pelo que entendi do que foi publicado até aqui, três nomes estão entre os principais algozes do promotor rebelde. São eles: Alfredo Gaspar de Mendonça (o atual chefe do MP), Eduardo Tavares Mendes (ex-procurador-geral) e Ricardo Melro (o mandachuva na Defensoria). O trio se diz vítima de ataques desferidos por Fonseca nas redes sociais. A reação mostra que o grupo partiu para o ataque.

O promotor será acusado do crime de prevaricação, que é quando o servidor público usa o cargo para obter benefício pessoal. Essa denúncia foi formalizada junto ao TJ por iniciativa do chefe do MP, após “inquérito administrativo” conduzido pela Defensoria. Como falei, é a operação combinada. E pretende asfixiar o denunciado – porque encarar uma “força-tarefa” não é brincadeira.

Vejam como a coisa é pesada: em outra tacada dos atingidos por atos e falas de Fonseca, o procurador Eduardo Tavares pede que o MP atue para obrigar o promotor a se submeter a um exame de sanidade mental. Com isso, MP e Defensoria querem, por enquanto, um atestado de loucura para o desafeto e, se possível, que ele passe uma temporada atrás das grades. Estão mesmo enfurecidos.

De acordo ainda com o que este site divulgou, Ricardo Melro pediu ao MP que Coaracy Fonseca seja declarado suspeito em casos judiciais em que ele (Melro) e a Defensoria sejam partes. O autor da ação alega que o promotor age motivado por “circunstâncias ocorridas em sua vida privada”. Aí o caldo entorna mais. Ninguém sabe o que se passou nos ambientes restritos a esses senhores.

O agora inimigo de uma coleção de poderosos já está cumprindo uma punição desde setembro. Ele foi afastado das funções por decisão do Colégio de Procuradores do MP. A suspensão de 60 dias está para terminar. Como não se emendou desde então, enfrenta a nova rodada de ataques. É o que suponho, ligando os pontos ente A e B. O que vem por aí tem tudo pra tumultuar a vida de Fonseca.

Por que digo isso? É que em sua metralhadora giratória, o homem acerta, além de MP e Defensoria, no Poder Judiciário e no governador Renan Filho. Entre outras acusações, ele já escreveu que a instituição da qual faz parte protege o governo ao fechar os olhos para estripulias na área de segurança. É muita frente de batalha para uma única pessoa. Coaracy Fonseca parece enrascado.

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