Os Bolsonaro e os novos partidos no Brasil! Vamos bater um recorde mundial

13/11/2019 16:16 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
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Não chega a ser nenhuma surpresa, mas é preciso registrar que a criação de mais um partido era tudo o que arautos da “nova política” condenavam até um dia desses. Mudaram de ideia, como se vê com o anúncio do presidente miliciano Jair Bolsonaro. É aquela história: todo mundo é muito crítico quanto à farra de siglas partidárias no país. Todos reprovam a situação, todos defendem a bendita reforma que finalmente dê um basta em tal maluquice. Mas, quando chega nossa vez, danem-se crenças e princípios.

Segundo consta no site do Tribunal Superior Eleitoral, em texto de janeiro deste ano, o país tem hoje 35 partidos registrados oficialmente. É um número inacreditável. Não é possível que haja toda essa multiplicidade de ideais republicanos e ideologias. Não é razoável crer na proliferação de legendas como algo que ajude na melhoria de nossas vidas. Grana e poder. É o que está em jogo.

O mesmo TSE informa que existem – vejam a loucura! – nada menos que 75 partidos em processo de formação. Você leu certo. Assim, se aprovados todos esses monumentos à honestidade e à ética, em breve poderemos contar com 110 agremiações partidárias. Embora não tenha feito pesquisa, suspeito que bateremos um recorde mundial. É um retrato único do Brasil Pandeiro, de ontem e de hoje.

Depois de negociar o aluguel do PSL para se eleger, o presidente se envolve diretamente na marmota de inventar uma nova sigla. É inédito na história do país. E é claro que, quando o chefe do Executivo se mete em jogadas de tal natureza, boa coisa não virá. É a prova de que a politicagem é o que norteia um governo desqualificado. Imaginem o que está ocorrendo nos subterrâneos!

No caso do PSL, não se pode esquecer de todas as particularidades que marcam esse processo. São os filhos do presidente que movem as peças do xadrez, porque afinal temos no poder um governo sob os ditames de um clã. É o triunfo do atraso, do que há de mais deplorável na vida pública.

Para viabilizar seus propósitos, a turma miliciana enfia as patas no lamaçal. É um festival de ameaças, com direito a dossiê sobre a vida de Luciano Bivar, o homem que manda no partido presidencial, mas que se tornou inimigo mortal do capitão da tortura. A guerra suja ainda produzirá estragos em série.

A revista Veja revelou que a família Bolsonaro partiu para cima de Bivar com sangue nos olhos. Os jagunços do governo foram ao Recife e desencavaram um caso policial de 1982. Pelo que se publicou, o objetivo é acusar o cacique do PSL por um homicídio registrado naquela época.

É com esse tipo de investida que os Bolsonaro armam seu novo biombo eleitoral. Outro aspecto bizarro é o papel de Eduardo, o Zero Três, como ponta de lança nas tratativas para viabilizar a legenda. O próprio presidente anunciou em rede social o nome da futura gang: “Aliança pelo Brasil”.

Mas por que o troglodita do Planalto decidiu se separar dos antigos sócios no PSL? Mudaram de opinião sobre as grandes causas do Brasil? São políticos que agora têm conceitos divergentes quanto à democracia, por exemplo? Nada disso. De novo: é briga por dinheiro e controle do esquema.

Há três décadas o país fala na urgência de uma reforma política. Como disse acima, é voz corrente que precisamos dar um freio nessa esculhambação – e a maioria concorda com a tese. Vê-se, porém, que é melhor não contar com isso no horizonte. Vamos bater o recorde dos 110. Pode festejar.

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