O Grupo Globo e a guerra contra Lula

02/10/2019 12:59 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
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Os fatos são estarrecedores contra a gang da Lava Jato, que agiu ilegalmente em vários momentos das investigações nos casos de corrupção envolvendo empresários e políticos. Está devidamente comprovado, pelas mensagens reveladas até agora pelo The Intercept, que procuradores maquinaram o tempo todo à revelia do que determina as leis do país. A turma decidiu que tinha de pegar o ex-presidente Lula de qualquer jeito, ainda que para isso o devido processo legal fosse ignorado. E foi o que aconteceu.

Dessa forma, sobram evidências de que Lula não teve o tratamento previsto em lei – houve precisamente o contrário na ação dos doutores do Ministério Público Federal. Decididos a levar adiante um projeto de poder, Deltan Dallagnol e seus parceiros no MPF atropelaram limites óbvios, inventando números, distorcendo dados, combinando pegadinhas à base de chicanas.

Lula, está também devidamente demonstrado, é vítima de um sistema que deu a esses garotões um poder descomunal. Eles partiram com tudo. Preocupação zero sobre direitos básicos de qualquer investigado. Naturalmente contavam, e ainda contam, com o apoio de amplos setores do Judiciário e da nossa velha e indomável imprensa. Essa é a guerra que está longe de terminar.

Em sua edição desta quarta-feira, O Globo traz um editorial que seria inacreditável não fosse o jornalão um dos braços desse projeto de poder a que me referi acima. Agora, a empresa dos Marinho acusa o ex-presidente de “desrespeito à Justiça” ao rejeitar o regime semiaberto, como querem os jagunços da Lava Jato. É uma inversão tosca entre verdade e mentira. Tremenda ficção.

No mesmo diário carioca, Merval Pereira endossa, como não poderia deixar de ser, a versão dos patrões. Com aquela originalidade que consagrou o colunista imortal da Academia Brasileira de Letras, ele manda ver: “Mandela era um preso político. Lula é um político preso, condenado por corrupção”, ensina o homem, lembrando o líder da África do Sul símbolo da luta pelas liberdades.

O jornalista, imortalizado por outras aventuras intelectuais, esquece de todas as barbaridades praticadas por procuradores e pelo juizinho de Curitiba, aquele que virou ministro, premiado por seu trabalho de cabo eleitoral de Bolsonaro. O engajamento do Grupo Globo segue mais forte do que nunca – e pode apelar a qualquer momento para a invenção de alguma “bala de prata”.

Nessa guerra, Lula continua sendo o inimigo número um para o que a TV Globo representa e defende. Na TV, os telejornais da emissora voltaram, nos últimos dias, ao padrão mais degenerado, lembrando o auge das manipulações mais grosseiras do noticiário. Como já escrevi aqui, o alvo urgente do momento, para essa turma, é o STF. A ofensiva de intimidação subiu de patamar.

Dos maiores no jornalismo brasileiro, Globo e Estadão atuam mais ou menos com a mesma pegada – o que significa estarem sempre dispostos à traquinagem contra a verdade factual. Sem uma mudança revolucionária, Veja deixou de lado as bizarrices criminosas da gestão anterior e produz um noticiário mais sério. Os virulentos do passado se juntaram no panfleto O Antagonista.

Já a Folha de S. Paulo mantém a linha mais saudável. É assim na empresa dos Frias desde o começo dos anos 1980. Você pode discordar de várias coisas publicadas, mas não dá nem pra largada qualquer comparação com Estadão e Globo. Como sabemos, tudo o que ocorre nesse jogo bruto passa pela disputa da opinião pública. E o ventou mudou um pouco de lado. A ver.

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