Candidatos a presidente antecipam a campanha da sucessão a Bolsonaro

29/09/2019 15:53 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
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É quase uma certeza absoluta que você já leu e ouviu isto aqui: no Brasil, quando uma eleição acaba, os políticos começam a pensar na próxima. Ninguém duvida desse veredito. Mas nunca houve um cenário como o que se formou após a eleição da porcaria chamada Jair Bolsonaro. Desde a vitória de Fernando Collor em 1989, nenhum presidente eleito viu o processo eleitoral seguinte ser deflagrado tão rapidamente como ocorre agora. A campanha para 2022 está na agenda desde já.

A novidade, como falei, é o prazo. Menos de um ano de governo, e os aspirantes ao Planalto, lá adiante, estão em campo, costurando alianças, buscando reforços, trabalhando para eliminar potenciais adversários. O detalhe que me parece marcante é que os mais afoitos pré-candidatos foram aliados caninos do capitão da tortura na eleição de 2018. Deixaram o barco sem cerimônia. 

Nesse time estão os governadores João Doria (São Paulo) e Wilson Witzel (Rio de Janeiro). A coisa é tão séria que bolsonaristas já identificam na dupla a tarja preta do comunismo cultural globalista. Os doentinhos da seita espumam de ódio contra os antigos parceiros na aventura depravada de Bolsonaro. A guerra imunda está declarada. E, de jogo sujo, essa turma entende um bocado.  

Outro aspecto, com jeito de comédia pastelão, é o papel de Sérgio Moro, o suposto magistrado que integrou o conluio com procuradores, no esquema revelado pelo The Intercept Brasil. O juizinho que atuou como cabo eleitoral de Bolsonaro e virou ministro é mais um dos nomes de olho em 2022. Todas as apostas apontam para o rompimento entre os dois. É questão de tempo.

Poucos meses de gestão foram suficientes para que Bolsonaro e Moro passassem a uma relação em que um tolera o outro. Hoje há uma batalha surda entre os dois, disfarçada com declarações de apoio mútuo, o que não engana ninguém. O juiz que atropela o processo legal é A-MA-DO pelos rapazes que defendem os valores da família, do cristianismo e da pátria! Estão em polvorosa.

Mas vamos a outros candidatos na praça. Além dos citados, estão em campanha também o imprevisível Ciro Gomes e o “lata velha” da TV Globo, Luciano Huck. Cada um na sua, os dois mantêm uma agenda frenética, com encontros, entrevistas, seminários, palestras etc. São evidentes os sinais de que vários setores já namoram alguma dessas prematuras alternativas.

Nesse cenário, um governo que é medíocre desde o primeiro dia desce a ladeira sem parar. E ainda é uma gestão entupida de vagabundos como Ricardo Salles, Ernesto Araújo e o próprio Moro, o sujeito que pretende aprovar, para policiais, a licença para matar pobres e negros. Enquanto isso, a horda adestrada repete as vigarices do presidente anunciadas em suas “lives”.

Preocupado em proteger sua família de investigações sobre corrupção e aliança com milicianos, Bolsonaro não governa o país. Ele vai tocando de qualquer jeito a máquina de perseguições, distorções e mentiras, tudo para atingir os possíveis candidatos a 2022. Com a popularidade em queda vertiginosa, vão sobrando como apoiadores para ele os piores delinquentes do circo.

Vejam a nossa perspectiva de futuro: Bolsonaro, Doria, Witzel, Huck... Isso não é um quadro de projetos para o Brasil. É uma espiral dos infernos, o que há de mais degradante na política nacional. Mais uma vez, eis o resultado da eleição de um desqualificado, saudosista dos porões da ditadura e do obscurantismo mais tacanho. 2018 resultou no desastre que aí está. 2022 já corre perigo.

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