Caso Coaracy Fonseca: “O MP-AL encontra-se mergulhado na pior lama da política”

28/09/2019 12:04 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
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O promotor Coaracy Oliveira da Fonseca (foto), que já ocupou o cargo de procurador-geral de Justiça, foi afastado de suas funções no Ministério Público de Alagoas. O leitor encontra no CADAMINUTO detalhes sobre o caso, que veio à tona na quinta-feira 26. Segundo leio no que foi publicado, o afastamento se deve a manifestações do promotor em redes sociais. Fonseca tem criticado o Tribunal de Justiça, o governo estadual e a própria instituição da qual faz parte. O clima está pesado.

Por causa de suas palavras no mundo virtual da internet, o Conselho Superior do MP decidiu pelo enquadramento do promotor. Dei uma olhada no Instagram de Fonseca para verificar melhor o que ele anda escrevendo para seus seguidores. Pelo que entendi, o ex-procurador-geral considera que o MP estaria protegendo o governador Renan Filho de eventuais investigações sobre sua gestão.

Após receber a notícia de que estava suspenso de seu trabalho, ele reagiu batendo duro. Numa mistura de desabafo, indignação e ironia, Fonseca joga suspeitas sobre a postura do atual chefe do MP, Alfredo Gaspar de Mendonça. Ele atribui a punição a uma hedionda perseguição política. Para o promotor, o MPAL encontra-se mergulhado na pior lama da política partidária.

Em outra postagem, o promotor que incomoda a cúpula do MP se diz vítima de um abuso, traduzido num ato sem o devido processo legal. No mesmo texto, ele dá sua versão sobre a real motivação para seu afastamento: Fui afastado para não investigar setores do governo estadual. Pelo que há na instituição que deve fiscalizar o governo, eis o veredito: O MP desmoralizou-se.

Coaracy Fonseca também levanta suspeitas sobre os métodos adotados pela área de segurança do governo. Do jeito que está em seus escritos, pode-se considerar o conteúdo como ilações. De todo modo, são insinuações gravíssimas. Ao tomar sua expressão ao pé da letra, ficamos com a assustadora impressão de que ele denuncia uma política de extermínio nas periferias.

E tem muito mais nos escritos do promotor. A decisão de punir Coaracy Fonseca mostra, sem qualquer dúvida, que os cabeças do MP acusaram o golpe. Suspeito que ele não terá maré mansa nesse processo que está apenas começando. A suspensão imposta é, inicialmente, de 60 dias, um prazo bastante elástico – o suficiente para muita água barrenta passar debaixo desse pontilhão.

Não entro no mérito da artilharia do promotor. Formalmente não se conhece nada que desabone a conduta de Renan Filho. Reitero, porém, que são acusações graves, que dizem respeito também à aplicação do dinheiro público – algo que merece esclarecimento cabal. O procurador-geral, Alfredo Gaspar, notoriamente envolvido no jogo político, ainda não se pronunciou sobre o caso.

Ressalto que manifestações nas redes sociais contra autoridades e instituições são cada vez mais frequentes por parte de membros do MP – nos estados e no âmbito federal. Basta ver como agem os incontroláveis rapazes do MPF na condução da Lava Jato. Os caras esculhambam todo mundo, de advogado a ministro do STF. E não se vê reação nenhuma dos conselhos superiores do órgão.

Parece que o MP em Alagoas experimenta agora de seu próprio veneno, destilado por figuras que se consideram a consciência moral de todos, acima até das leis e da Constituição. Para essa gente, quem ousa criticar seus métodos é sumariamente carimbado como o pior dos corruptos. Coaracy Fonseca despertou o mais puro e perverso corporativismo de sua própria turma. Vamos ver.

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