Levantamento feito pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), ligado à Universidade Federal de Alagoas (Ufal), revela que Alagoas tem o maior percentual de semiárido em processo de desertificação. Segundo o estudo, 32,8% da área no estado sofre com o processo.
 
Ao todo, 13% do semiárido brasileiro está em processo de desertificação (moderada, grave ou muita grave). Conforme o laboratório, o desmatamento e as queimadas são fatores que contribuem decisivamente para a degradação da Caatinga. 
 
“A seca aumenta as pressões sobre a caatinga, para atender necessidades como fonte de energia tradicional (lenha e carvão) ou como alternativa para geração de renda. Nestes casos, o desmatamento e as queimadas aceleram o processo de degradação dos solos”, diz o Lapis.


 
Quando se fala em porcentagens das áreas susceptíveis à desertificação, Alagoas aparece com uma área total de 12.579 km2 de semiárido ameaçado. O estado aparece, percentualmente e, em primeiro lugar em relação aos outros estados.

O coordenador do Lapis, Humberto Barbosa, explicou ao Cada Minuto que o semiárido alagoano tem o mesmo processo de degradação dos outros estados e explicou o objetivo do projeto para mapeamento nas áreas brasileiras. 
 
“Recentemente divulgamos o mapa das áreas degradadas e os níveis mais altos são os que estão coincidindo com as áreas desérticas. São vários núcleos, que desde 2016 já tinham sido identificados”, explicou Humberto.

Ainda de acordo com ele, as áreas degradadas estão diretamente ligadas ao desmatamento e outros processos aceleram a perda no bioma. “Mas também tem uma ação natural que são as secas, que ao longo dos anos que tem um papel de provocar a perda da biodiversidade. Quando falamos do nível mais alto nas regiões desertificadas, falamos de áreas que não tiveram ação apenas do processo humano, mas também do processo natural”, disse.
 
Ainda segundo Humberto, quanto mais áreas desertificadas, menos terras produtivas. “Ou seja, o processo migratório e socioeconômico tende a se agravar, já que o agricultor busca locais para ele tirar sua subsistência e com essas áreas ele busca áreas férteis”.
 
O coordenador explica que os processos de desertificação são irreversíveis. “Torná-las férteis demanda tempo, recurso e é cara. Então hoje, basicamente, a região tem uma questão econômica serão recuperadas, mas certamente os agricultores migrarão para outras áreas”.
 
Por fim, o Lapis diz que há soluções para esse processo de desertificação.“É necessário retomar e fortalecer ações de desenvolvimento integrado para a erradicação da pobreza e a promoção de sistemas alternativos de subsistência, bem como planos abrangentes de preparação para a seca e de esquemas para a diminuição dos seus impactos. Estabelecer sistemas de gestão da seca e um programa para monitoramento do desmatamento na Caatinga, bem como ações sociais para conter o avanço da desertificação, estão entre as medidas mais urgentes para evitar a grave ameaça da desertificação”, diz.