Bolsonaristas, esses pistoleiros do bem

05/08/2019 10:35 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
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Na terra do povo armado, com a posse e o porte livres para quem quiser, 29 pessoas foram assassinadas, em novos episódios de massacres em massa. Nesse fenômeno social, o Brasil de Bolsonaro ainda não está à altura dos Estados Unidos de Trump. Mas, se depender das espécies bolsonaristas que celebram a “nova política”, a gente ainda chega lá. É uma questão de honra para os pivetes que dedicam energia em defesa do faroeste caboclo. O país tem de resolver isso daí o mais urgentemente possível.

Incontestável conhecedor de políticas públicas, Bolsonaro está pra lá de convencido da urgência do armamento geral e irrestrito. Os garotões “conservadores” que o idolatram também. Esses patriotas juram que se o brasileiro meter uma pistola na cintura e sair por aí, mesmo que sem lenço, sem documento e sem nada pra comer, a vida será muito melhor. Entenderam a lógica?

Uma das ideias mais brilhantes nesse manancial de projetos para o desenvolvimento do país é do senador Major Olímpio. Da tropa de choque do ilibado mandatário, o parlamentar merece um troféu por sua arrojada iniciativa. Ele defende que professores frequentem as salas de aula devidamente armados. Ao menor sinal de ameaça nas redondezas, é bala pra cima dos vagabundos.

Que a fixação presidencial e de sua patota tenha uma singela vinculação aos interesses da indústria mundial de armas é só coincidência. As empresas que dominam o mercado global do tiroteio, digamos assim, emplacaram todas as audiências que exigiram no Planalto. Após o governo anunciar a intenção de incentivar os pistoleiros do bem, as ações dessas empresas explodiram nas bolsas.

A doença mental desses primitivos é um caso irrecuperável. Do mesmo modo, não adianta tentar o debate com o inquilino na Presidência da República. Desgraçadamente, trata-se de um sujeito que jamais trabalhou em defesa da vida. Bem ao contrário, é alguém que se esmerou desde cedo na exaltação dos porões da ditadura. Logo, é afeito à truculência e ao ódio aos direitos humanos.

Com sua trajetória de fanático pela tortura – a maior imundície na esfera da moral que o indivíduo pode abraçar –, é evidente que Bolsonaro não está nem aí para políticas de segurança. A não ser, é claro, no discurso demagógico que contempla sua corja íntima e os desmiolados seguidores da seita. Nas palavras e nos gestos desses valentões analfabetos, bom mesmo é o banho de sangue.

Diante do novo espetáculo visto no território americano, Trump e Bolsonaro relincham o mesmíssimo discurso. Aparecem desajeitados no papel de comovidos – porque a pose não combina de jeito maneira com a dupla. E, tão previsível que nem precisariam explicar, se apressam em afirmar que as mortes em massacres não têm relação com a sanha armamentista que festejam. É o que importa.

Não, não há agenda econômica nem outras vigarices de mesmo calibre que justifiquem apoio a um governo cuja essência é o autoritarismo. Essa conversinha de “torcer pelo meu país, porque estamos no mesmo barco”, é retórica de doentinhos ditos “liberais”, envenenados pela fumaça ideológica. Nos piores casos, é apenas desonestidade de quem tem nojo de pobre. É um padrão bem evidente.

Eleger a liberação de armas como prioridade no Brasil, um país com desafios dramáticos, é coisa de miliciano mesmo. Aqueles que endossam essa bestialidade não conseguem refletir o elementar: quando o tiroteio se instalar de vez, não haverá separação entre culpados e inocentes. Já era.

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