Gang da Lava Jato

15/07/2019 21:38 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Era um projeto de poder. E era também um grande negócio para encher a pança de dinheiro. Os procuradores da Lava Jato Deltan Dallagnol e Roberson Pozzobon eram praticamente sócios no ramo de palestras. Os dois fazem parte dessa turma curitibana que saiu do anonimato e da irrelevância para a fama repentina. Como mostram os novos diálogos da Vaza Jato, que a Folha divulgou neste domingo 14, os patriotas tramaram uma empresa que teria laranjas como diretores.

Aliás, os dois garotões dizem nos diálogos que as donas de fachada da empresa seriam suas esposas. Seria um jeito de escapar da norma legal que proíbe a procuradores o comando de negócios privados. Os dois também debatem formas de ganhar dinheiro, com rapidez e pagamentos de altos cachês. Dallagnol, como sempre, é o mais degenerado nas conversas.

Entre uma ilegalidade e outra nos casos da operação que ele coordenava sem coordenar – o Moro sempre foi o chefe –, o procurador investia seu tempo faturando com a condição de celebridade que o “combate à corrupção” lhe presenteara. Dallagnol vivia fazendo contas do quanto estava para receber por “aulas” e palestras. Está tudo na Folha e no The Intercept Brasil.

Num dos diálogos, o procurador indica ao então juiz Sergio Moro um potencial cliente para uma palestra – o que daria uma boa grana ao suposto magistrado. Moro agradece, diz que a agenda talvez o impeça, mas acabou sendo contratado para falar no evento sugerido por seu subordinado. O dado escandaloso é que o carnaval da Lava Jato virou o caminho do tesouro para esses rapazes.

Veja como as coisas combinam e vão tecendo um enredo inapelavelmente lógico: em março, bem antes da bomba lançada pelo Intercept, descobriu-se aquela história de uma fundação de caráter privado que estava sendo criada por Dallagnol e patota. Eles queriam comandar a entidade que teria um fundo de 2,5 bilhões de reais, fruto de uma multa paga pela Petrobras após acordo.

Faz cinco anos que essa gang comete crimes em série para forjar o espetáculo de “caça a corruptos”. (Claro, Fernando Henrique Cardoso não poderia ser “melindrado”). Rasgar a Constituição e o Código Penal é apenas um dos variados delitos já revelados. Os doutores dessas instituições na Lava Jato agiram durante todo esse tempo como predadores da ética e do Direito.

Os seguidores da seita Bolsonaro e os fanáticos que veem o juizinho como super-herói devem estar maquinando nova passeata para defender as ações dessas porcarias. É o que resta aos donos da moral alheia, que, sabe-se agora, estavam era de olho na política e no enriquecimento fácil. Após tantas revelações escabrosas, apoiar a gang do Moro é coisa de doido. Ou de pilantra.

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