E a Gazeta chamou a polícia

02/07/2019 02:59 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Por essa bomba os maiores empresários de comunicação em Alagoas não esperavam. Mas, ao contrário do que imaginaram, a greve dos jornalistas saiu da ameaça e completa uma semana nesta terça-feira 02/07. Os estragos são realmente vistosos na TV Ponta Verde, na TV Pajuçara e na TV Gazeta. O mistério é: até que ponto essas empresas vão segurar a barra do jeito que está.   

Telejornais estão fora do ar ou são exibidos na improvisação, o que acaba rendendo lances do mais puro vexame. Na afiliada da Globo, que detém a maior audiência, as ratadas deixam claro que a coisa está sendo feita às pressas, sem a presença de repórteres nas ruas, com um mesmo narrador para tudo – o cara está no estúdio e põe a voz em todas as “reportagens” veiculadas.

O Bom Dia Alagoas, que começa às seis da matina na TV Gazeta, vai ao ar como se fosse ao vivo, mas na verdade está sendo gravado na noite anterior. Resultado: nesta segunda-feira, o noticiário sobre futebol “informou” que o técnico Marcelo Cabo iria fazer isso e aquilo no treinamento do CSA. Ocorre que o professor deixara o clube no fim de semana, fato de domínio público.

Tremendo problema para a Organização Arnon de Mello está também no site G1 Alagoas, que deixou de ser atualizado nos últimos cinco ou seis dias. Como se sabe, o G1 é uma marca da Rede Globo – que obrigou as afiliadas a criarem mais esse meio de turbinar seus produtos e fortalecer o monstro “global” de comunicação. A paralisação afeta diretamente uma base da gigante rede.

Novidade preocupante foi a iniciativa da Gazeta nesta segunda. Como noticiou o CADAMINUTO, a direção da emissora acionou a polícia para intervir na mobilização dos grevistas que ocorre diante da sede da empresa, no bairro do Farol, em Maceió. Segundo a direção do sindicato da categoria, os policiais foram ao local porque o carro de som da manifestação fazia muito barulho.

Não houve confusão, muito menos conflito entre a força policial e os profissionais da imprensa. De todo modo, é bem estranha a atitude da OAM. Não por acaso, alguns dos grevistas consideram que a investida levanta a suspeita de uma tentativa de intimidação. Vale ressaltar que o número de viaturas que apareceu foi um tanto exagerado para uma simples ocorrência de “som alto”.

Recorrer à polícia só confirma o quanto está pesado o clima nos corredores e no comando da Gazeta. Uma semana depois, as consequências da greve são fortes, e não se vê até agora nenhum sinal de uma solução para o impasse instalado. Embora a crise tenha sido levada à Justiça do Trabalho, fato concreto é que essa instância não conseguiu mediar qualquer tipo de acordo.

Os ânimos entre a categoria e os patrões estão longe da cordialidade, o que sinaliza o grau do desafio para uma solução que contemple os dois lados. No site do Sindicato dos Jornalistas, li um texto que fustiga a OAM, fazendo referência à Operação Lava Jato e a um suposto “testa de ferro”. Se até polícia já apareceu na área, um desfecho favorável a todos parece algo bem distante.

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