A pergunta do título é de Jair Bolsonaro, a lata de lixo que virou presidente do Brasil nos braços dos “cidadãos de bem”. Ele levantou a dúvida ao especular sobre a posição da entidade no escândalo envolvendo aquele que era um suposto juiz imparcial na Lava Jato, Sergio Moro. A Ordem defendeu que Moro se afaste do cargo de ministro da Justiça diante das revelações do The Intercept.

Aliás, o site divulgou na madrugada deste sábado novo pacote de diálogos entre procuradores. As falas mostram que nem a turma do Ministério Público Federal tem Moro em alta conta. Pelo contrário. Os doutores reclamam das posições arbitrárias do então juiz durante vários processos, ainda antes da Lava Jato. Na patota, julgando que o sigilo está garantido, todos abusam da sinceridade.

Mas sobre esses novos diálogos posso escrever depois. Volto ao presidente desqualificado e sua demonstração de ódio pela OAB – que é no fim das contas um dos tantos exemplos claros de seu ódio pela democracia. Rascunho de ditadorzinho, Bolsonaro gostaria de governar com poderes absolutos, sem prestar contas a ninguém – a não ser à própria família e aos amigos milicianos.

A fábrica de decretos presidenciais é o sinal mais evidente de como o sujeito sonha em mandar de forma incondicional, atropelando não somente o Legislativo mas também agredindo claramente as leis. Derrotado no caso do faroeste caboclo – com posse e porte de arma para meio mundo –, Bolsonaro está agoniado. E como estamos diante de um analfabeto em sentido amplo, é um perigo.

Sim, mas do que quero tratar mesmo é da Ordem dos Advogados do Brasil. A fúria de Bolsonaro contra a entidade é antiga. Em 2007, ele apresentou projeto de lei na Câmara dos Deputados para acabar com o exame obrigatório aos formados em Direito que pretendam exercer a advocacia. Fico imaginando quais seriam as motivações. Deve ter amigões reprovados no teste, pode apostar.

Uma grande ironia nisso tudo é que na manada de “pais de família”, caçadores de comunistas e coroinhas de Nosso Senhor – a tropa de choque de Bolsonaro –, muitos são advogados. Aqui em Alagoas então nem se fala. Os mais chiques, os donos de grandes bancas milionárias, alguns notórios operadores do Direito – todos caíram de boca nos atrativos do capitão. E agora isso.

No ataque de hoje à OAB, Bolsonaro afirma com todas as letras que a entidade só tem serventia “para defender quem está à margem da lei”. Ele rosna assim, com a tranquilidade dos delinquentes que se julgam protegidos de qualquer compromisso com a verdade e a decência. É uma declaração obscena, mas os garotões da nova direita e da nova política adoram esses arroubos de “macheza”.

O presidente nacional da OAB, Felipe Santa Cruz, divulgou nota de repúdio à fala do tosco elemento. Acho que pegou leve, mas cumpriu o básico que se espera diante da afronta. Seria relevante que os presidentes da Ordem nos estados também se manifestassem. Em Alagoas, Nivaldo Barbosa Júnior é o manda chuva na entidade. Suspeito que o silêncio numa hora dessas é a casinha dos covardes.