As mentiras pornográficas de Sergio Moro

21/06/2019 00:32 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Se pegarem uma gravação minha por aí, em bate-papo antirrepublicano, é o seguinte: é tudo mentira, e não reconheço a autenticidade do que venha a ser revelado. Agora, se provarem que o conteúdo da conversa é verdadeiro, então eu assumo o que disse, mas digo em seguida que não tem nada de mais numa singela troca de mensagens. Entenderam? Para quem acha que minha lógica não tem lógica nenhuma, é porque ignora o Novo Direito Penal, criado pelo jurista Sergio Moro.

É com esse novo modelo das Ciências Jurídicas que o “magistrado” de Curitiba tenta se explicar a cada lote de diálogos publicado pelo The Intercept Brasil. Moro passa vergonha diariamente, sendo desmentido pela enxurrada de material descoberto pelo site. Não lembro de figura pública que tenha se submetido a tamanho vexame, sendo exposto de forma tão escandalosa. Triste enredo para o sujeito que até já bordava a toga para o STF – ou a faixa de presidente do país. Deu ruim.

Triste também é a situação dos pivetes e garotões da nova direita que veneram o herói. Esses estão mais desorientados que a Damares procurando Jesus numa goiabeira. Para defender o super-homem que tanto bajulam, atiram para todos os lados, mudando de discurso dia a dia, seguindo o mesmo calvário do pistoleiro da Lava Jato. E tudo isso porque essa turma não arreda pé da guerra santa contra o “globalismo cultural marxista”. É isso que dá quando se cai em qualquer embuste.

Brasil afora, o até então beatificado Moro já perde apoio de todos os lados. Medalhões do mundo das artes e do meio intelectual, com um tanto de acanhamento, começam a reconhecer que foram ludibriados pela vestal que, pelo que está aí, só engana aqueles que querem ser enganados. Como disse em texto anterior, é apenas o começo do naufrágio das caravelas dos justiceiros com os guardiões da moral alheia. Vem muito mais por aí, com áudios e vídeos dos procuradores e do juiz.

Sergio Moro mente com a frieza e o cinismo dos piores criminosos. É aquele tipo, amplamente estudado pela Psicologia, que falsifica a realidade e acredita piamente em suas próprias falácias. Para essa categoria, princípios e valores se submetem às contingências do intenso agora, ao casuísmo de seus interesses imediatos, espúrios, desonestos. Numa pornográfica inversão de parâmetros de conduta, Moro defende hoje, com ardor, o que ontem condenava, com desprezo – e vice-versa.

Esse marginal ainda está onde está porque estamos no Brasil de um governo vagabundo, que exalta a tortura, a homofobia, a violência de milícias, o racismo, a misoginia e todo o tipo de ataque aos marcos da democracia. Moro e Bolsonaro, já escrevi aqui, combinam à perfeição numa república bananeira. O lugar de juiz que rasga as leis, que mancha a magistratura, para perseguir pessoas, é a cadeia. Tem um lado positivo, claro: vê-lo desmoralizado de forma tão escancarada não tem preço.

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