Guerra suja entre a direita e a direita

22/05/2019 13:38 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

O título é esse mesmo que você acaba de ler. Isso sim é a política! O bom é quando vejo pernas de pau do mesmo time trocando caneladas uns contra os outros, promovendo a melhor das comédias para as arquibancadas. Refiro-me ao tiroteio – por enquanto virtual – entre as falanges que se ajoelham na igreja do Messias que ocupa o Palácio do Planalto. O motivo da guerra suja é a tal manifestação prevista para o domingo, dia 26, um ato de apoio às pautas do governo Bolsonaro.

Na verdade, a turma mais engajada pretende berrar nas ruas e avenidas pelo fechamento do Congresso Nacional e, acreditem, também pela extinção do Supremo Tribunal Federal. Para esses patriotas, Jair não pode governar com essa democracia que só atrapalha os planos do herói dos cristãos conservadores. A encrenca é que nem os celerados se entendem sobre a presepada.

A cada hora, nomes como Joice Hasselmann, Janaina Paschoal, Alexandre Frota, Mamãe Falei, Luciano Bivar, Carla Zambelli, Kim Kataguiri (do MBL), Lobão e Major Olímpio, entre tantos outros, disparam a esmo na defesa de suas posições. Parte da patota apoia com fervor a manifestação; outra banda acha a ideia um tremendo disparate, que pode ter efeito negativo para o próprio Bolsonaro.

Pelos nomes citados acima, tem-se uma visão clara do alto nível da nossa direita ilustrada. Com uma tropa assim, ninguém duvida que o governo está amparado por gente da melhor qualidade. Nem quero citar os nomes dos alagoanos que engrossam as fileiras em duelo. Prefiro não alimentar maus sentimentos no meio de conterrâneos – mas eles também estão por aqui, histéricos, cuspindo fogo.

Os intelectuais da nova direita, rachados, se elogiam com uma ampla diversidade de categorias morais, digamos assim. “Maluco”, “traidor”, “sabotador”, “traíra”, “vendido”, “duas caras”, “idiota”, “imbecil”, “omisso”, “agente duplo”, “malandro”, “analfabeto político”, “delinquente”, “ator pornô”, “garota de programa”. Os termos fazem a festa nas incontornáveis redes sociais. O lixo não para de crescer.

No meio da bagaceira, o mediador ideal naturalmente é o próprio presidente. Bolsonaro, como sempre firme em suas convicções, já disse que iria ele mesmo às ruas; mudou de opinião, depois decidiu repensar e agora parece em dúvida sobre o que fazer diante do frenesi de seus adoradores. Sim, os governadores de São Paulo e de Brasília, bolsonaristas de ocasião, são contra o ato.

Na imprensa, gente como o grande Augusto Nunes e mequetrefes menos estrelados juram que o povo vai às ruas em defesa da reforma da Previdência e do pacotinho anticrime do ministro Sergio Moro – aquele cabo eleitoral que usou a toga para interferir nos rumos da disputa de 2018. É brincadeira. E os caras querem os caminhoneiros no atentado à democracia. Lerdos e furiosos!

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