O povo nas ruas! Ou seriam “idiotas”?

15/05/2019 14:49 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

A quarta-feira, 15 de maio de 2019, fica registrada como a data da primeira grande manifestação popular contra o governo de Jair Bolsonaro. Milhares de pessoas foram às ruas, por todo o país, no Dia Nacional em Defesa da Educação. O protesto repudia o anunciado corte de 30% nos recursos destinados às universidades e institutos federais. É o grande plano do Jair para um setor estratégico.

A investida de Bolsonaro sobre as universidades é consequência do ressentimento e do ódio. A turma dos adoradores de torturador cultiva um ridículo desprezo ao mundo intelectual, ao campo do conhecimento, a tudo o que lembre arte e cultura. Não por acaso o ministro da Educação, Abraham Weintraub, é só um pilantra analfabeto, desses que fingem erudição para plateias amestradas.

O ministro já deu várias provas de sua formação altamente refinada. Mas a citação de “Kafta” é acachapante, insuperável enquanto atestado de qualificação. Esse é o nível dos olavetes – os caras que nunca leram nada na vida e hoje se apresentam como “pensadores”. No meio da esculhambação e da politicagem, a gestão do MEC revela que o caminho escolhido é o do desmonte no setor.

Mas tudo isso é pra falar das manifestações de hoje. O presidente Bolsonaro viaja pelos Estados Unidos. Lá, falou com a imprensa sobre os protestos. Naquele jeitão rasteiro, mentiu como sempre e ofendeu os brasileiros que discordam de suas medidas tresloucadas. Para o capitão, os que saíram em passeatas não passam de “idiotas úteis”, são usados como “massa de manobra”, são “imbecis”.

O presidente que representa a “nova direita” no Brasil também justificou os baixos índices da educação dizendo que a culpa é do PT e dos comunistas. Como explicar as multidões nas ruas e praças contra o governo? Ele mostra convicção quanto ao tipo de gente nos protestos: “Não têm nada na cabeça”, decretou o pai do Carluxo. A tentativa é de minimizar o tamanho dos atos.

A raiva de Bolsonaro e bolsonaristas com o povo nas ruas é previsível e sintomática. A história recente do país não deixa dúvida sobre a força dessa variável no jogo político. Aliás, a turma do presidente se valeu de mobilização de tal natureza para o triunfo de suas ideias. Chegaram ao poder recorrendo àquela militância que precisava dos movimentos pelas cidades. Agora isso não serve.

Como presidente, Bolsonaro repete a mais tacanha postura diante de protestos populares e legítimos. Sem ter o que responder frente às evidências de bagunça e de critérios ideológicos no MEC em particular e no governo em geral, apela ao de sempre – rebaixa o debate ao subsolo. Bolsonaro sabe que não pode brincar com certas coisas. Por isso, agora, esbraveja contra a voz rouca.

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..