Tiro no meio da testa! O Brasil “avança”

08/05/2019 00:14 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Mais uma importante iniciativa do presidente Bolsonaro prova que o governo brasileiro tem mesmo grandes projetos para o desenvolvimento do país. Se você ainda tem dúvida sobre isso, fique sabendo que nesta terça-feira o homem assinou um decreto que facilita a vida dos fanáticos por dar tiros a esmo – de preferência na cabeça de marginais que infelicitam os “cidadãos de bem”. Aqui em Alagoas tem um batalhão de gente dando pulinhos de alegria pela novidade. E é só o começo.

Pelo que entendi do que foi noticiado, os marmanjos tarados por uma pistola agora podem andar pra cima e pra baixo carregando suas armas e munição até estandes e clubes de tiro. O decreto também aumentou “o limite da quantidade de cartuchos de calibres restritos para atirador, caçador e colecionador” – como informa o site de Veja. Ninguém tinha pensando nisso até hoje?

Como o Brasil tem um índice de violência quase zero, coisa de dar inveja aos países mais avançados do planeta, nada mais natural que incentivar o tiroteio recreativo para os cristãos. Emprego pra milhões de desalentados? Educação como fator de desenvolvimento? Saúde pra quem não recebe nem xarope no posto? Calma! Primeiro, o que é prioridade. Depois, a gente vê o resto.

A retórica armamentista é uma das fixações na erudita direita brazuca. Que nível! Basta ver o que dizem e fazem dois pilantras que viraram governadores nas eleições do ano passado. No Rio de Janeiro, Wilson Witzel voa de helicóptero para “ver de perto” a ação de seus snipers sobre as periferias cariocas. Em São Paulo, João Dória prega a matança geral como estratégia de segurança.

Mas eu disse que o decreto de agora é só o começo. Sim, porque se depender do presidente e seus filhotes trombadinhas, vamos chegar rapidamente ao estágio de faroeste. Na semana que passou, Bolsonaro afirmou que sua meta é liberar a execução sumária no campo brasileiro, como proteção aos produtores do agronegócio. O fazendeiro pode matar quando quiser, sem medo da lei.

De tão estúpida, a ideia do capitão da tortura assustou até a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Ela se apressou em dizer que a licença para matar não está entre as medidas que considera necessárias para esse segmento da economia. Se a ministra for um pouquinho mais enfática na opinião, a seita dos garotões da direita vai exigir seu pescoço. A histeria é uma marca dessa turma.

O próximo passo do governo é liberar geral o porte de armas. Pense nos efeitos de algo assim nas cidades brasileiras. E não podemos esquecer o ministro da Justiça, Sergio Moro. No projeto enviado ao Congresso, ele também incentiva, e como, a matança de inocentes. Policial pode detonar à vontade e não responderá por nada. É só dizer que agiu por “medo” e sob “forte emoção”.

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