Volta, Vélez Rodríguez!

04/05/2019 01:16 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

O governo Bolsonaro tem o segundo ministro da Educação em apenas quatro meses de gestão. É algo que já nos diz muito sobre o padrão das escolhas do presidente. O primeiro nomeado era um colombiano que mal fala português. Ricardo Vélez Rodriguez parecia um maluco, premiado com um cargo para o qual ele não tinha mínimas condições. Engolido por trapalhadas, com ideias que misturavam tolices e autoritarismo, sabotou seu próprio trabalho. Caiu. E tudo ficou pior.

A coisa piorou muito com a nomeação de uma porcaria digna dos melhores quadros do pensamento bolsonariano. Abraham Weintraub assumiu o posto determinado a combater o que considera um grave problema brasileiro: o homem é um fanático inimigo da universidade. Segundo ele, as faculdades por aí afora vivem promovendo “balbúrdia” e desfiles com “gente pelada”.

Mas quem é esse notável intelectual que agora dita os rumos de políticas públicas para a educação? Eu não esperava que fosse nenhum brilhante pensador – só um fanático do capitão pode esperar algo assim num governo Bolsonaro. Poderia ser ao menos alguém sério, talvez? Que nada. Weintraub junta a delinquência de suas ideias com a mais escandalosa incompetência. É pilantra e medíocre.

Para bajular o chefe e jogar para a arquibancada dos doentinhos da nova direita, o ministro achou que seria uma boa partir pra cima das universidades públicas do país. Anunciou um corte de 30% nos recursos das instituições, além de fazer ameaças de retaliação contra as escolas que não agirem dentro do novo figurino. Chegamos a esse ponto: um governo em guerra contra o espaço do saber.

É natural. Antes de seguir com o ministro, ressalto que Bolsonaro não está enganando ninguém. Seu governo será isso mesmo, até o fim, sem qualquer mudança de rumo. Não é previsão, é certeza baseada em fatos reais. Um sujeito desqualificado em tudo seguirá promovendo o que há de pior na cabeça de seus protagonistas. Bolsonaro combina com Weintraub. Dois brucutus devem se amar.

O elemento chegou ao cargo também por indicação do professor Olavo de Carvalho; também foi aluno do filósofo e também está numa missão sagrada, a saber: caçar comunistas e livrar o Brasil do famigerado comunismo. É esse canto de sereia que atrai incontáveis desmiolados que vivem a esbravejar na internet ideias sobre as quais nada entendem. Repetem as tuitadas do presidente.

Como especialista em educação, o currículo de Weintraub é uma piada. Ele passou a vida no mercado financeiro. O ódio às universidades talvez se explique por sua irrelevante carreira como “pensador”. Nunca publicou nada, não tem qualquer produção reconhecida por ninguém, a não ser os que se beneficiaram de suas estripulias no mundo das jogadas financeiras. Não vai além disso.

A última do ministro olavete e de extrema direita foi a divulgação de seu histórico na faculdade de Economia da USP. Metido a exaltar a meritocracia, o elemento foi um aluno de baixíssimo nível. Suas notas formam um festival de zero e reprovações em várias disciplinas. Como disse o professor que divulgou o documento da universidade, pelo visto, Weintraub, estudante, “era bom de balbúrdia”.

Nesta sexta-feira, o ministro resolveu se defender do próprio currículo. Gravou um vídeo medonho no qual abre a camisa para mostrar a cicatriz de um “grave acidente” – fato que ele apresenta como justificativa para seu desempenho quando aluno da USP. Nunca vi algo tão bizarro! O ministro parece o tempo todo estar alterado, com certa tremedeira quando fala. É alguém perturbado, não há dúvida.

É o Brasil de Bolsonaro. Como disse, nenhuma surpresa. Vai ficando pior a cada dia. Aqui neste blog, Vélez Rodriguez apanhou bastante. Agora percebo que ele estava mais para um lunático, um paraquedista, sem noção do que seria administrar o Ministério da Educação. Diante do cretino que assumiu a pasta, o demitido fica até simpático. Do jeito que estamos, o colombiano era perfeito.

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