Na próxima segunda-feira o presidente Jair Bolsonaro deve demitir Ricardo Vélez Rodriguez, o colombiano maluquete que assumiu o Ministério da Educação por indicação do filósofo Olavo de Carvalho. Foi o próprio Bolsonaro que sinalizou a mudança, ao afirmar que falta gestão na pasta. Passados quase cem dias de governo, uma das áreas mais importantes na máquina pública é palco de presepadas inspiradas na ideologia de caça a comunistas. Não havia perigo de dar certo.

O mais engraçado nisso tudo é a contradição mortal entre discurso e prática por parte do presidente e sua turma. Não haverá nomeações com viés ideológico, repetiam os arautos da nova política. Os seguidores do bolsonarismo, tão obedientes ao chefe da seita, também se agarram nessa historinha sobrenatural. Como se sabe, a regra era apenas mais uma estripulia retórica de um sujeito, Bolsonaro, que passou a vida a produzir mistificações tão grosseiras quanto cretinas. E mantém o padrão.

No atual governo dos caçadores de marxistas e globalistas, o MEC se transformou num circo de aberrações. A última do ministro Vélez foi anunciar que os livros didáticos de História teriam o conteúdo alterado para informar que o Brasil nunca teve golpe e ditadura a partir de 1964. O ridículo e a delinquência da coisa lembram o stalinismo. Sim, as porcarias se encontram e se harmonizam nos extremos. Direita e esquerda se equivalem na destruição do fato em nome da ficção chapa-branca.

Outro dado curioso são as nomeações para os cargos de segundo e terceiro escalões no MEC. Um amontoado de desqualificados ocupa os postos a partir de um critério único: a fidelidade à cartilha do professor Olavo. O resultado é que os chamados olavetes saíram batendo cabeça entre eles mesmos e abrindo guerra contra qualquer um que não demonstrasse o mesmo grau de fanatismo. Preocupados com kit gay e cantoria do Hino Nacional, esses incríveis intelectuais resumem a piada.

Agora, piada mesmo foi a demissão de Bruno Garschagen, um dos olavetes mais badalados entre os garotões da nova direita. O homem era Assessor Especial do ministro Vélez, tido como uma escolha do núcleo duro da seita. Caiu em meio à bagunça generalizada que tomou conta do ministério. Atenção: o ex-assessor é autor do livro Pare de Acreditar no Governo. Parece que ele não leu a própria obra. Ou melhor: ele deve ser um descrente de todo o governo que não o convide para uma boquinha. Se lhe garantirem uma mamata, o radical ceticismo vira confiança infinita.

Pensando bem, nem sei se a demissão de Vélez Rodriguez é boa coisa. Sem ele, o governo fica menos engraçado. Vai ser difícil encontrar um trapalhão à altura. No mercado, quem poderia suprir essa baixa na comédia já está no governo, no cargo de ministro das Relações Exteriores. Espero que o Beato Salu, que se disfarça de Ernesto Araújo, continue no picadeiro fazendo números tão hilários quanto ensinar aos alemães que o nazismo é de esquerda. Haja pilantragem e palhaçada!