Bolsonaro, o roqueiro Lobão e a direita

21/02/2019 02:35 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

1. Mais uma conversa entre o presidente Jair Bolsonaro e um ministro chega ao conhecimento da imprensa, por meio de vazamento, desta vez com uma dose a mais de exotismo: o diálogo teria chegado ao jornal O Globo por um “telefonema acidental” disparado por Onyx Lorenzoni. O conteúdo, de novo, é apenas degradante. A dupla se mostra preocupada com uma possível ação de Gustavo Bebianno para receber honorários por serviços prestados a Bolsonaro como advogado.

Demitido pelo pitbull vira-lata Carlos Bolsonaro, o ex-ministro Bebianno é o defensor do presidente em ações que correm na Justiça. O capitão teme uma eventual cobrança financeira por isso, e solta uma pérola, à altura de um estadista: “Se ele me cobrar individualmente o mínimo, eu tô fodido. Tem que vender uma casa minha no Rio para pagar”. Ouve-se uma gargalhada após a fala.

2. O ex-juizinho Sergio Moro dizia até ontem que caixa dois era um crime terrível, tão grave quanto a corrupção. Agora, entrosado com a filosofia do governo Bolsonaro, o xerife mudou de opinião, afinou o discurso para obedecer às ordens do chefe. Este é o ético ministro da Justiça, o carreirista que espera, mais adiante, ser nomeado para o STF. É o mesmo sujeito que dá à polícia licença pra matar.

3. Bolsonaristas de todos os matizes estão alucinados, na imprensa e principalmente nas redes sociais, na defesa do presidente desqualificado. Para eles, não interessam os fatos, mas a proteção do “mito” diante dos “sabotadores” do governo – na oposição e nas próprias fileiras aliadas. A paranoia tem tudo pra ser uma das marcas dessa gestão baseada na caça a malditos comunistas do século 21.

4. Sobrou para o senador tucano Rodrigo Cunha. Ele está sendo metralhado – por enquanto metaforicamente – por fanáticos seguidores da seita bolsonariana. Tudo porque o parlamentar defendeu o convite para que o ex-ministro Bebianno compareça à Comissão de Transparência e Fiscalização do Senado, para falar do laranjal de candidaturas do PSL. Cunha preside a Comissão.

5. A cada dia a situação do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, piora um pouco mais. Ele também é um campeão no esquema de laranjas na eleição de 2018 em Minas Gerais. Na verdade, é um caso mais grave que o de Bebianno. Até parlamentares governistas no Congresso defendem a demissão do rapaz. Entre uma papagaiada e outra no Twitter, Jair Messias vai segurando o ministro.

6. Bolsonaro não tem uma base aliada no Congresso. Tem um ajuntamento de aventureiros do PSL que beliscaram um mandato na onda medonha que elegeu o presidente. O partido de aluguel é o que há de mais atrasado na política brasileira, travestido de renovação. Não funciona nem como piada. É com esses representantes do “republicanismo” que o governo salvará o Brasil.

7. Decepcionado com as escolhas de Lobão – o outrora respeitável Vida Bandida do rock brasileiro –, meu camarada Coelho me envia um vídeo grotesco do elemento. Lobão também está preocupado com a imagem do capitão presidente. No vídeo, ele dá conselhos bizarros à “nova direita” patriota, como se fosse um graduado guru dos doentinhos antiglobalistas. A guitarra desafinou!

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