As mentiras de Carlos e Jair Bolsonaro

20/02/2019 03:47 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Dois mentirosos. Jair Bolsonaro e o filho Carlos contaram uma lorota quando vieram a público para acusar o agora ex-ministro Gustavo Bebianno de mentir sobre conversas que teria mantido com o presidente. Os áudios divulgados pela Veja revelam que quem falsifica os fatos é o capitão e o Zero Dois. Não existe nas conversas nenhuma bomba sobre malfeitos por parte de Jair Messias, dizem governistas e os fanáticos seguidores da seita no submundo das redes sociais. E é isso mesmo.

O que a troca de mensagens expõe é um chefe de governo sem compostura, obcecado por irrelevâncias, dando chilique diante de um ministro que, na opinião do bando Bolsonaro, estaria flertando com o “inimigo”. Aí chegamos ao ponto mais relevante das conversas publicadas. Para o presidente, a Globo é sua inimiga mortal – e, segundo o sujeito, isso começou ainda na campanha. A emissora deu ampla cobertura ao caso e divulgou nota refutando o pai do Carluxo.

Em entrevista à rádio Jovem Pan, Bebianno disse que, na prática, foi demitido por Carlos, que operou uma “macumba psicológica” na cabeça do presidente. Bolsonaro não controla – e não quer controlar – os filhotes deslumbrados com o poder. Esse comportamento patético cria sim uma encrenca dos diabos com o Congresso e dentro do próprio governo. O tratamento dispensado a Bebianno mostra que não se pode confiar no capitão – o que é algo fatal no sempre delicado jogo da política.

Lideranças partidárias e bancadas em geral pensam o seguinte: se Bolsonaro trata um ministro dessa forma – um bolsonarista de primeiríssima hora –, como confiar que haverá respeito aos compromissos para votação de projetos? Do dia pra noite, qualquer um dos três herdeiros do presidente pode “dar um tiro na nuca” de um aliado. Esse é o clima. Por isso mesmo, o governo tenta impor a versão de que “não há crise”. Alias, foi isso o que disse o ex-juizinho Sergio Moro.

O outro aspecto que deve ser ressaltado, claro, é o ódio que os Bolsonaro cultivam contra a imprensa livre. O capitão perturbado não quer aproximação com a Globo. “Qual a mensagem que vai dar para as outras emissoras?” – é a misteriosa pergunta que o presidente faz ao seu interlocutor. Ficam as dúvidas sobre as relações com essas “outras emissoras”. Jair só admite imprensa amiga.

No falatório entre Bolsonaro e seu até então ministro sobram farpas também na direção da Folha de S. Paulo e do site O Antagonista. Com tamanha fixação sobre o conteúdo dos meios de comunicação, não será surpresa se o governo inventar um projeto com algum mecanismo de controle sobre a imprensa. É o sonho de todo poderoso que não admite ser contestado em suas delinquências.

E toda essa lambança, vejam só, com menos de dois meses de gestão. Não surpreende. Bolsonaro nunca teve projeto nenhum para o país. Sua grande ideia para enfrentar os imensos desafios do Brasil – atenção! – é esta: Vamos pegar pesado nisso daí. Até agora, portanto, o homem cumpre rigorosamente o que prometeu. E os garotões da nova direita babam só de ouvir falar no ídolo.

A zoada com a divulgação desses diálogos não é nada perto do que presidente e família têm a explicar. O país precisa saber a verdade sobre o esquema de Flávio Bolsonaro com o faz-tudo Fabrício Queiroz. Também faltam explicações quanto aos vínculos da turma com as milícias cariocas. E, é lógico, o laranjal de candidaturas do PSL, algo escancarado, tem de ser investigado até o fim.

No mais, esse é o governo em estado bruto, sem retoques – um governo medíocre, sob o comando de um sujeito adepto da tortura e simpático a grupos de extermínio. É só o começo do espetáculo.

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