O chefe do Ministério Público de Alagoas e a eleição para prefeito de Maceió em 2020

17/02/2019 00:47 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Começou a campanha para prefeito de Maceió. Eu sei que ainda é muito cedo, afinal a eleição só ocorre daqui a praticamente dois anos, no fim de 2020. Mas o fato é que a política é assim – e ninguém perde tempo. Não sabemos o que pode ocorrer no minuto seguinte, mas caciques, lideranças e cabos eleitorais estão a todo vapor, tramando as possíveis alianças para o futuro ainda distante. O deputado federal JHC, que já tentou a parada, é apenas um dos candidatos a candidato.

Mas, sem dúvida, o nome mais badalado entre os que estão de olho no posto de Rui Palmeira é o do procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça. Ele finge que não, é claro, mas trabalha com a ideia 25 horas por dia. Nesse sentido, o lance mais ousado do chefe do MP alagoano, até agora, foi encaixar o filho Carlos Alberto de Mendonça Neto na equipe do governador Renan Filho.

Em janeiro, o jovem advogado, com experiência zero na gestão de coisa nenhuma, ganhou o cargo de presidente da Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária. A pergunta incontornável é esta: qual o papel do comandante do Ministério Público na nomeação? Não me digam que ele não tem nada a ver com isso! Acreditar em tal hipótese é o mesmo que ter fé na mulher da capa preta e no Saci.

Deve-se lembrar que o próprio procurador já serviu a Renanzinho, na condição de secretário de Segurança. Só deixou a pasta porque, em março de 2016, finalmente o STF acabou com a escandalosa promiscuidade entre MP e Poder Executivo. Desde então essa brincadeira está banida no país. Mas a ligação entre Alfredo Gaspar e o filho do senador Renan Calheiros segue fortíssima.

A nomeação do filho do procurador está cem por cento vinculada a projetos eleitorais de todos os envolvidos. O próprio Carlos Alberto de Mendonça já é tratado como virtual candidato a prefeito de Quebrangulo, reduto de sua tradicional família. No meio de sua turma ele é visto como alternativa da oposição na terra de Graciliano Ramos. O cargo no governo é passaporte para namorar as bases.

Voltando ao pai do garoto, o procurador ensaiou uma candidatura ao Senado em 2018, mas acabou adiando os planos de brigar por um mandato, depois que o jogo se apresentou por demais arriscado. Com Renan Calheiros, Rodrigo Cunha e Benedito de Lira, o páreo ficou duríssimo. Prudente, o chefe do MP preferiu aguardar por um quadro mais favorável – o que pode ocorrer em 2020.

Alfredo Mendonça é o queridinho de bolsonaristas. É o nome dos sonhos para o pessoal que adora um xerifão, desses que prometem “jogar pesado com os bandidos”. Nada de novo nesse tipo de “projeto político”, mas, no Brasil de hoje, é o que faz tremendo sucesso entre garotões da nova direita. O chefe do MP acha que, assim como Bolsonaro, direitos humanos são para humanos direitos!

Pai e filho estão no radar de vários partidos. O mais assanhado até agora é o PSL, precisamente a legenda de Jair Messias. As notícias sobre o laranjal de candidaturas na sigla do capitão, no entanto, praticamente enterram as chances de filiação. Afinal de contas, o procurador quer aparecer como um candidato inimigo dessas práticas nada republicanas. Ele é a mais pura “renovação”.

Suponho que o xerife do Ministério Público – um valente inimigo da velha política e que prega a ética como valor sagrado no exercício do poder – não vê conflito de interesse em emplacar o filho no governo que ele, o pai, tem por obrigação fiscalizar. Cada um com sua concepção de mundo, não é mesmo? Alfredo Gaspar certamente sabe separar as coisas. E muita, muita emoção vem por aí.

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