Um Brasil desgovernado há 45 dias

14/02/2019 17:02 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

No primeiro mês de governo, Jair Bolsonaro e sua turma desmoralizaram o slogan com o qual chegaram ao poder. “Nova Política”? Isso era piada desde o começo, mas os fanáticos e os garotões da direita pitbull ainda propagam esse delírio. De novo, o que eles apresentam é esquema com dinheiro de assessores fantasmas e laranjal de candidaturas do PSL, o partido do presidente.

Quando Flávio Bolsonaro apareceu no meio do escândalo com o hoje notório Fabrício Queiroz, o pai disse que estavam tentando atingir o “garoto” para acertar o governo. Agora que o ministro Gustavo Bebianno surge como suspeito no caso dos candidatos de fachada, o presidente se junta ao desqualificado Carlos, o celerado do Twitter, para humilhar o aliado de modo torpe e vergonhoso.

Ricardo Salles, o idiota que virou ministro do Meio Ambiente, mostrou toda sua boçalidade ao atacar Chico Mendes, símbolo na defesa da Amazônia, assassinado por bandidos a serviço de meliantes do agronegócio em 1988. Ao expor sua vasta ignorância em entrevista ao Roda Viva, na TV Cultura, o funcionário de Bolsonaro passou vergonha em escala mundial. Esse é o nível.

O colombiano Vélez Rodriguez, ministro da Educação, acha que os brasileiros não passam de um bando de canibais que roubam hotéis quando viajam ao exterior. Foi o que ele disse em entrevista à Veja. O sujeito, que fala português com dificuldade, está no cargo pra combater a ideologia de gênero, o marxismo cultural e o avanço do maldito projeto globalista. Agora a educação decola.

Os milicianos vão bem, obrigado, principalmente depois que seus amigões na família Bolsonaro chegaram ao poder. Não canso de lembrar que, ao longo de sua medíocre trajetória no baixo clero do Congresso, Bolsonaro defendeu a atuação de grupos de extermínio – assim mesmo, com todas as letras. Nada do que este governo fizer pode nos surpreender. Seu DNA é de violência e ignorância.

O juizinho que fez campanha para Bolsonaro e virou ministro da Justiça continua falando fino diante dos esquemas do chefe. Mas, nesta quinta-feira, Sergio Moro veio a público para, vejam que “bomba”, anunciar que a Polícia Federal vai investigar a safadeza do laranjal no PSL. Fala como se isso fosse uma grande ação de combate a alguma mutreta – e como se pudesse barrar alguma investigação.

Sobre o esquema de Flávio Bolsonaro – com rachadinha no salário de assessores e ligações com milícias – aí Moro se nega a pronunciar qualquer palavra, nem um pio. Cobrado sobre isso, diz que não é advogado do governo nem da família do presidente. Já seu pacotinho para combater a violência foi triturado por quem de fato entende do assunto. É uma porcaria fadada ao fiasco geral.

A família Bolsonaro, puxada pelo rudimentar paspalhão que hoje governa o Brasil, parece ter acreditado mesmo que conseguiria acabar com a imprensa livre e independente. Foi o que o presidente, logo depois de eleito, decretou em mais de uma entrevista. Agora seria sem “mediação”, com o governo falando diretamente ao povo pelas redes sociais. Seguidores fanáticos acreditaram.

Na verdade, o que a turma de Bolsonaro gostaria de fazer é o que fazem todos os governantes que abraçam o autoritarismo como método: prender jornalistas que incomodam e fechar veículos de comunicação. Sobrariam aqueles que rezam na cartilha, que bajulam no lugar de fazer jornalismo – como a Record do “bispo” de Jesus Universal. Um mês e quinze dias de um desgoverno. Deu a lógica.

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