Governador tem de falar sobre folha salarial

08/02/2019 03:34 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

O governador Renan Filho manteve um silêncio perturbador diante de uma notícia nada corriqueira sobre sua gestão. Refiro-me à proposta defendida por nove governos estaduais, incluindo Alagoas, de eventual redução da jornada de servidores, com o automático corte de salários. Resumo dos fatos está no texto anterior do blog. Não lembro de nada parecido nas últimas décadas, sem exagero.

A medida seria uma forma de evitar colapso nas finanças, no caso de uma queda significativa nas receitas públicas. É algo que precisaria ser aprovado pelo Supremo Tribunal Federal, porque mexe com a Lei de Responsabilidade Fiscal, aprovada nos anos 1990, durante o governo Fernando Henrique. Foi um avanço tremendo na legislação, que veio pra impedir a farra de gastos com a folha.

A notícia, que saiu nesta quinta-feira, provoca um temor generalizado entre milhares de funcionários do governo. Na verdade, é uma bomba de efeitos instantâneos e que deveria receber explicação oficial, rápida e transparente. Por isso, pensei que o próprio governador viria a público de imediato pra contar tudo, preto no branco, sem meias palavras nem discurso enviesado. Mas, até agora, nada.

Ao CADAMINUTO, a assessoria da Secretaria da Fazenda informou algo que, lendo e relendo, praticamente nada informa pra valer. Diz que o governo de Alagoas pediu ao STF que seja autorizada essa medida radical – mas foi apenas “em solidariedade aos estados em calamidade financeira”. É uma versão rasteira diante da gravidade do assunto. Não esclarece coisa nenhuma.

O governador Renan Filho tem de falar sobre essa história. Se não o fizer logo, vai apenas contribuir para aumentar a desconfiança de que algo de muito errado pode estar ocorrendo com o caixa estadual.  O silêncio sobre tema tão preocupante certamente não ajuda a acalmar os ânimos de ninguém. O mais óbvio a fazer é dar uma entrevista coletiva para enfrentar as muitas dúvidas.

Vamos ver se ao longo desta sexta o chefe do Executivo faz o que deve fazer. Como disse, esticar uma história dessas só prejudica o próprio governo. Sabe-se que a situação de muitos estados é de insolvência. Basta olhar para o Rio de Janeiro ou para Minas, por exemplo. Há risco, remoto ou iminente, de Alagoas entrar para o time dos falidos? Com a palavra, Renan Filho.

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