Flávio Bolsonaro e o promotor bolsonarista

06/02/2019 01:12 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

O promotor Cláudio Calo deveria assumir as investigações sobre o caso que envolve o senador Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz, que era uma mistura de motorista, assessor e faz tudo do filho Zero-1 do presidente da República. O integrante do Ministério Público do Rio de Janeiro se declarou impedido para atuar nas investigações e pediu pra sair. Na verdade, Calo foi obrigado a cair fora.

O promotor não poderia jamais atuar no caso, por uma razão escandalosa: é um fanático bolsonarista, que usa as redes sociais para bajular o próprio Flavio Bolsonaro. A admiração deste senhor pelos investigados é tanta, que ele, em publicações no Twitter, minimizou as suspeitas de mutreta na movimentação financeira de Queiroz, reveladas pelo Coaf. Deve ser por engajamento patriótico!

Parece piada, mas é assim mesmo que muitos promotores, procuradores e juízes agem hoje em dia. Fazem política protegidos pela toga. Eis aí um fenômeno dos novos tempos. Deltan Dallagnol, aquele das bochechas rosadas, continua fazendo escola. O juiz Marcelo Bretas – o Moro das praias cariocas – é campeão nesse tipo de safadeza. Bretas é o sério magistrado do auxílio-moradia em dobro.

Antigamente, juízes e promotores gostavam de repetir o que consideravam um mandamento sagrado: autoridades como eles só se manifestam nos autos de um processo. Hoje não mais. Com as redes sociais, está provado que esse rigor todo não resistiu à compulsão pela politicagem e nem à vaidade típica de retardados que fazem qualquer patetice para conseguir likes e curtidas.

Se existe algo de positivo nessa novidade, digamos assim, é que agora sabemos que a discurseira de imparcialidade e isenção dos doutores é tudo papo furado. A seriedade de muitos, pelo visto, depende dos nomes envolvidos nas denúncias. Se a capa do processo tem um nome simpático aos senhores da moralidade alheia, aí as acusações não valem nada. Se for do outro lado, é bandido.

Quando são cobrados por suas macaquices pelas redes sociais, sobretudo por declarações em defesa aberta de amigos da política – ou com ataques a lideranças que rejeitam – aí os homens da lei ficam valentões e denunciam perseguição à Justiça. É a tática mais manjada pra desvirtuar a realidade e escapar de responsabilidades. Esse padrão, degenerado desde a origem, veio pra ficar.

Como essas categorias são brutalmente corporativistas, seus integrantes agem feito deuses, acima do bem e do mal. Nada lhes acontece, mesmo que cometam barbaridades. As Corregedorias, o Conselho Nacional de Justiça e o Conselho Nacional do Ministério Público deveriam combater os abusos dos aloprados, mas isso não passa de teoria. Por essas e outras, o Brasil é o que é.

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