Tragédia e política nos holofotes da imprensa

29/01/2019 15:30 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

O acidente na barragem de Brumadinho (MG) reduziu drasticamente a presença do caso Flávio Bolsonaro nas manchetes da imprensa. Aliás, nos telejornais a pauta nem entra na edição, tomada pelas notícias sobre resgates, mortos e desaparecidos entre lama e escombros. É natural que isso ocorra nessas ocasiões de comoção nacional. Um assunto monopoliza meio mundo.

Mas, com o tempo, a cobertura vai diminuindo e voltando à normalidade. Como o escândalo com o filho do presidente já alcançou dimensões cavernosas, não tem mais como sumir dos holofotes sem um desfecho à altura dos fatos. O senador eleito Flávio Bolsonaro esperneou pra todo lado, mas, até agora, não apresentou uma miserável explicação razoável sobre tantas suspeitas.

As atenções desses dias estão fortemente voltadas para as eleições na Câmara e no Senado. A novidade desta terça-feira é a desistência do alagoano Arthur Lira. O deputado federal retirou seu nome da disputa, resultado de um acordo com Rodrigo Maia, o irrelevante dono da cadeira que tenta a reeleição. Se der a lógica, o “Botafogo” da lista da Odebrecht vai garantir mais um mandato.

Ainda não vi manifestação do próprio Arthur Lira sobre sua desistência. Consta que teria acertado com Maia postos na Mesa e a presidência de comissões relevantes no parlamento. É o que todos os partidos estão fazendo, inclusive o PSL do presidente Bolsonaro – a agremiação que ia mudar o jeito de fazer política. Para garantir a vitória, Maia agora é fanático bolsonarista desde criancinha.

No tumulto do Congresso – que ainda está em recesso – segue a candidatura de outro alagoano que sonha presidir a Câmara. Atirando contra os conchavos do partido de Bolsonaro, o deputado JHC briga com a própria legenda, o PSB, para disputar a eleição. É uma guerra perdida, diante dos lances já sacramentados nas negociações. Mas o jovem e voluntarioso parlamentar jura que vai resistir.

Como estamos a três dias da votação, alguma surpresa pode sacudir os dois processos eleitorais – tanto na Câmara como no Senado. É que este é o país das chicanas jurídicas disfarçadas de coisa séria. Sobretudo no Senado, o nome de Renan Calheiros pode atrair alguma bomba de última hora.

Mas comecei isso falando de como a imprensa está mergulhada no caso da barragem mineira – um tipo de escolha que deixa o mundo político menos exposto no noticiário. É temporário, claro, e logo a bagaceira de esquemas suspeitos volta ao topo das notícias. Flávio miliciano deve saber disso.

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