Patriotas, patetas e milicianos

24/01/2019 17:10 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

O novo governo parece ter ficado velho antes da hora. A observação é do sempre certeiro Bernardo Mello Franco, no jornal O Globo. Eu diria que essa porcaria já mostrava todos os sinais de velharia antes mesmo da posse. Nunca foi tão atual aquela batida ideia segundo a qual o “patriotismo” é o último reduto dos canalhas. Na turma de Bolsonaro, esse na verdade é o primeiro e único refúgio da canalhada oficial. O pai, os filhotes e os ministros sacam a verborragia “patriótica” a cada relincho.

O colombiano Ricardo Vélez Rodriguez, que assumiu o Ministério da Educação, deu posse nesta quinta-feira a Marcus Vinícius Rodrigues como novo presidente do Inep, o órgão responsável pelas provas do Enem. No discurso, o empossado repetiu a patética ladainha de “respeito aos valores da família”, com a devida “resistência ideológica” nas escolas, banindo todos os “pseudos intelectuais”.

O mais novo “antiglobalista” no governo dos amigos de milicianos disse ainda esta belezura: “Sou brasileiro do Ceará. Quero que nosso nome volte a ser escrito em verde e amarelo”. Mediocridade e desonestidade de pensamento nunca foram tão íntimas. Tudo de acordo com o universo mental do chanceler Beato Salu, também conhecido como Ernesto Araújo, idolatrado pela “nova direita”.

Enquanto isso, em nova entrevista exclusiva à Record TV, fiel porta-voz do governo, o presidente Jair Bolsonaro diz que o filho Flávio “já explicou tudo” sobre o escândalo que vai das contas inexplicáveis à ligação com bandidos e assassinos cariocas. “Não é justo atingir o garoto, como estão fazendo com ele, pra tentar me atingir. Ao meu filho, aquele abraço”. Falou o paizão do Flavinho.

O presidente já havia tratado como “garoto” o tal Eduardo Bolsonaro, quando surgiu o vídeo em que ele defendia fechar o STF, com um cabo e um soldado. Como se vê, portanto, estamos diante de um padrão. Régua e compasso da moralidade alheia, muito rigoroso para acusar os outros de corrupção, temos um presidente que tenta evitar o avanço da investigação sobre Flávio Bolsonaro.

Nesta quinta-feira, mais uma notícia que atesta os nobres princípios do governo em defesa da ética: decreto assinado pelo vice Mourão cria sério entrave à Lei de Acesso à Informação. A partir de agora, qualquer assessor mequetrefe de uma autoridade pode decidir como ultrassecretos documentos que antes poderiam ser acessados pelo cidadão. Isso é que é gestão transparente.

Um governo velho, infestado por dementes à caça de comunistas, amantes da tortura e defensores de milícias. Entre outras qualidades, é por aí que podemos fazer um rápido desenho da turma que comanda o Brasil, para espanto do mundo civilizado. Agora mesmo, com Bolsonaro em Davos, o país aparece nas manchetes internacionais entre a repulsa e a piada. Para os patriotas, tudo lindo.

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