Eleição na Assembleia Legislativa já teve até “sequestro” de deputados

05/01/2019 01:57 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

A imprensa noticia os movimentos e as jogadas políticas na disputa pelo comando da Assembleia Legislativa. Pelo que se fala, Marcelo Victor – que um amigo chama de “deputado elétrico” – seria o favorito para ganhar a eleição no parlamento estadual. Haveria resistência do Palácio dos Palmares, uma vez que o governador Renan Filho prefere no cargo o deputado Olavo Calheiros.

Certamente não sabemos o que esses senhores estão aprontando justamente agora nas negociações para a escolha do presidente da ALE. Com todo o respeito, princípios éticos não costumam resistir a tais processos no campo minado da política. No passado, a briga pelo poder na chamada casa de Tavares Bastos já produziu cenas e episódios inacreditáveis. Vamos lembrar.

Ao longo dos anos 1990, em pelo menos duas ou três ocasiões, a moda era o confinamento dos deputados, durante dias, para evitar o assédio de adversários. Um grupo, fechado com uma determinada candidatura, deixava Maceió dias antes da eleição e só reaparecia a poucas horas da votação. Na data marcada, todos chegavam juntos e – acredite – entravam na ALE de mãos dadas.

A tática revela a confiança zero que predominava no grupo. Por essa lógica de campanha, a palavra de um deputado vale tanto quanto a palavra de Fernandinho Beira-Mar. Não bastava o sujeito declarar voto em seu candidato; para não haver risco de mudar de lado, ao receber proposta mais republicana, esse deputado tinha de ser praticamente sequestrado. E assim era feito.

Nas situações das quais tento lembrar agora, de memória, o destino dos confinados costumava ser algum hotel de luxo em nosso litoral. Na rotina de coordenar o trabalho em redações, azucrinava os repórteres para que descobrissem onde os valorosos políticos estavam entocados. Certa vez, localizamos uma dessas patotas na região praieira de Maragogi. Os caras corriam das câmeras.

Ao menos para os mentores da iniciativa, a estratégia sempre deu certo. Ganhou a eleição quem recorreu a esse avançado plano. Para os destinos do parlamento, aí não se pode afirmar o mesmo. Como falei no início, essa foi uma presepada recorrente na última década do século 20. Alguns dos protagonistas daquele circo ainda estão na Assembleia, mandato atrás do outro.

O fenômeno do sequestro e cárcere privado como tática eleitoral voltou à minha cabeça por causa de uma foto, publicada no CADAMINUTO, com informações sobre a eleição na ALE, marcada para primeiro de fevereiro. A imagem mostra Marcelo Victor rodeado pelo grupo que prometeu voto a ele. É uma forma de ostentar força e coesão em torno da candidatura. Só faltou juntarem as mãozinhas.

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