Michele & Jair Messias

01/01/2019 19:03 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Primeiro dia de 2019 no Brasil. No momento em que escrevo, já estamos sob o governo de um capitão reformado do Exército. Jair Bolsonaro cumpriu à risca todas as expectativas quanto aos discursos de posse, tanto no Congresso Nacional como no parlatório, diante do público em Brasília. Vamos passar por alguns pontos, nos dois pronunciamentos feitos pelo pai do Carluxo.

Segundo o novo presidente, um fanático adorador da tortura, o país terá um governo que vai combater a “ideologia de gênero”. Para tanto, a turma que chega agora ao Planalto planeja um tipo de intervenção radical no sistema de ensino público. Como se dará isso, ninguém sabe. O que sabemos é que, para tocar o projeto, o escolhido foi um colombiano que reza na cartilha da patota.

Na mesma linha, Bolsonaro exaltou a “política pública” de armamento geral da população. Como já anunciara na véspera de receber a faixa, um decreto a ser baixado nos próximos dias vai afrouxar as regras para a posse de arma. É para nossa legítima defesa, alega o presidente.

Bolsonaro tentou se controlar, mas, sendo quem é, não resistiu à tentação de exibir aquela veia de truculência e cretinice: no desfile em carro aberto e até nas dependências do Senado, o novo dono do poder fez aquele gesto com as mãos que imita o disparo de uma arma de fogo. Esse é o nível.

A fixação ensandecida por tiros e balas, ideia de primeiro quilate do novo governo, tem sua eficácia contestada amplamente por especialistas em segurança. Mas uma coisa é mais que certa: a indústria que vende pistolas e revólveres está feliz da vida – vai ganhar dinheiro de sobra no Brasil.

O novo presidente também repetiu a ladainha de que, a partir de agora, teremos um país “sem submissão ideológica” nas relações internacionais. Ora, se isso fosse verdade, por que o capitão estaria bajulando Estados Unidos e Israel com tamanho entusiasmo? É apenas uma tosca falácia.

O discurso de Messias Bolsonaro também mostrou que, na sua cabecinha perturbada, a campanha eleitoral continua. Mesmo depois de subir a rampa e receber a faixa de Michel Temer, manteve o palavrório de intolerância e ódio, com ameaças veladas a todos que considera seus inimigos.

Nem tudo foi porcaria, diga-se, com justiça, diante da performance da primeira-dama, Michele Bolsonaro. Para a imprensa, ela estava impecável, num vestido lindíssimo, porém discreto. O ponto alto de sua atuação foi o discurso na língua de sinais. Até eu agora quero aprender a técnica.

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