Bolsonaro estraga o réveillon de Djavan em São Miguel dos Milagres

01/01/2019 22:44 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
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E o nosso Djavan entrou numa encrenca dos diabos por causa de uma entrevista em que fala sobre o futuro do Brasil. A declaração pode ser conferida num vídeo que tocou fogo na internet – e gerou uma onda de críticas ao grande poeta da música popular brasileira. Na entrevista, que você encontra no YouTube, ele se diz otimista com o que vem aí, e aponta a segurança como maior desafio.  

Djavan não fala de Jair Bolsonaro, mas sua breve avaliação sobre o momento atual no país dá margem para que se interprete que o cantor teria votado no capitão da tortura. Isso pode mesmo ter acontecido, mas afirmar que de fato o homem é bolsonarista seria uma ilação. O estrago, porém, já está feito. Na imprensa, correu a notícia de que Djavan “decepcionou os fãs” com a declaração.

Ainda segundo algumas matérias em sites de notícias, muitos chegam a falar em “revolta” diante da suposta adesão do artista ao mundo esquisito dos Bolsonaro. Um amigo me relatou ter recebido o vídeo enviado por uma pessoa que também diz se sentir indignada com o cantor. A zoada incomodou profundamente o compositor de “Esquinas”, “Samurai” e “Meu Bem Querer”. E ele reagiu.

O vídeo começou a circular em pleno 31 de dezembro, e pegou seus fãs desprevenidos, no meio da festança da virada. Agora, vejam que curioso: Djavan passou o réveillon aqui em Alagoas, mais precisamente em São Miguel dos Milagres. Testemunhas me contam que ele foi visto na frente de sua casa na praia, durante a noite da segunda-feira – e parecia abatido, com cara de chateado.

Juntei as pontas e concluí: Djavan acusou o golpe, ficou triste (e preocupado) com a recepção negativa a suas palavras. Ou seja, o episódio matou um dia que seria de comemoração pela chegada do novo ano. Sim, mas eu falei que ele reagiu. Na noite desta terça, dia primeiro de 2019, o cantor divulgou nota em sua página no Facebook, na qual dá explicação sobre a entrevista. Eis aí:

Para o lançamento do álbum Vesúvio, dei várias entrevistas onde afirmo minha esperança no futuro do Brasil. Nesses últimos dias, uma revista digital repercutiu um trecho de uma entrevista realizada há quase um mês, descontextualizando o que disse de fato. Como tenho afirmado em todas as entrevistas, sempre serei contra qualquer tipo de intolerância e sou a favor do desarmamento, mensagem transmitida inclusive na música Solitude, tema central da pergunta cuja resposta foi distorcida. Eu acredito na democracia, no Estado de Direito e no futuro do Brasil.

Repare que a nota nem trisca o nome do novo presidente. Na entrevista que gerou toda a confusão, repito, ele também não se refere a Bolsonaro – até porque não era o tema da conversa. Mas é relevante que se refira à sua crença nos valores democráticos. Não sei, mas suponho que Djavan ainda esteja por aqui. Tomara que os ares de Milagres aliviem o aperreio que abateu o gênio.

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