A decisão do ministro Marco Aurélio Mello, de mandar soltar todos os presos condenados em segunda instância, provoca um terremoto no país, com reações furiosas nos meios político e jurídico. O barulho naturalmente se deve à possibilidade de a liminar – concedida numa ação do PC do B – beneficiar o ex-presidente Lula. Pelas manchetes na imprensa, parece que o mundo vai acabar.

Segundo se escreve em todos os veículos, é dado como certo que a liminar será cassada pelo presidente do STF, Dias Toffoli. Marco Aurélio está sendo atacado com uma histeria jamais vista diante de uma decisão do Supremo. Claro que a patota da Lava Jato, em Curitiba, é a mais assanhada nas ofensas e disparates contra o ministro. A reação indignada está longe de motivações republicanas.

Na Veja, Augusto Nunes pede que o “papelório” do juiz do Supremo seja jogado na lata de lixo. Em O Globo, Ascânio Seleme diz que a liminar decorre da “arrogância” de Marco Aurélio. O jurista Miguel Reale Jr., que patrocinou o impeachment da presidente Dilma, chama a medida de “um ato arbitrário”. Segundo essas vozes desesperadas, estamos diante de uma tragédia iminente.

Como falei, os mais histéricos são os menudos da Lava Jato, sempre com Deltan Dallagnol à frente. O garotão das “bochechas rosadas” saiu dando pinotes e, é claro, convocou entrevista coletiva numa velocidade que mostra bem o faniquito que lhe acomete nessas horas. Para essa vestal do auxílio-safadeza, Marco Aurélio faz parte de uma trama para acabar com a Lava Jato. Pilantragem.

É bom lembrar que tudo isso é consequência de uma tentativa, há muito na ordem do dia, de rasgar a Constituição. Ninguém pode ser considerado culpado até sentença em última instância. É o que está escrito. É a lei. Ocorre que a lei foi sequestrada pelo populismo judicial. É a filosofia de Sérgio Moro e companhia. Esse tipo de “jurista” julga os artigos constitucionais ao sabor das conveniências.

No momento em que escrevo, um recurso da Procuradoria Geral da República já está com o ministro Toffoli. E ele vai cassar a decisão de Marco Aurélio, ninguém duvida disso. Fica mais um estrago na imagem do Judiciário e do STF em particular. Só falta o Eduardo Bolsonaro recrutar um cabo e um soldado para fechar a corte máxima da nossa Justiça. Quanto a Marco Aurélio... É corajoso.