Silvio Santos, Edir Macedo e Bolsonaro

18/12/2018 17:31 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Dia desses, o presidente eleito foi bater continência para Silvio Santos, numa visita ao dono do Baú. Houve um tempo em que esse tipo de salamaleque era destinado aos tubarões da Globo. Doutor Roberto Marinho ficou famoso, nesse campo político, por dar o aval aos futuros ocupantes do Palácio do Planalto. Aliás, ele era consultado antes, durante e depois das campanhas eleitorais.

Em guerra com a chamada velha imprensa, particularmente enfurecido com a postura crítica e independente da Folha de S. Paulo, Jair Bolsonaro acena para quem ele acha que pode facilitar sua vida. O capitão conta com a adesão também da Band e da Record TV. Esta última, como se sabe, é mais chapa-branca do que o Diário Oficial – o “bispo” Edir Macedo reza por seu novo aliado.

Ao contrário do que geralmente ocorre após a eleição do presidente, parece que não haverá o tal período de lua de mel, a trégua dos cem primeiros dias entre o empossado e o jornalismo. Isso decorre, em vasta medida, pela postura de Bolsonaro e sua turma. A cada informação que incomoda a fauna dos trogloditas, a reação é na base de impropérios e palavrões pela internet.

Macaqueando Donald Trump, Bolsonaro e os filhinhos mimados estão mais preocupados em atacar a liberdade de imprensa do que em esclarecer qualquer assunto. Foi assim na corrida pelo voto, continuou após o resultado das urnas e não mudará nada a partir de janeiro. Aposto que, uma vez empossado, o capitão destilará ainda mais ódio ao jornalismo que se recusa ao adesismo.

O episódio envolvendo o senador eleito Flávio Bolsonaro atesta o que digo acima. Suspeito de um esquema de arrecadação a partir de confisco no salário de assessores parlamentares, Flávio atira pra todos os lados, mas até hoje zero de explicação plausível sobre a evidente safadeza. É um padrão.

Esse caso atormenta o virtual ocupante do Planalto porque desmoraliza a fantasiosa imagem de pureza e honestidade no bolsonarismo. Cheque para a primeira-dama?! Se isso não é sinal de pilantragem com o dinheiro público, o que seria? Fabrício Queiroz, operador do negócio, está sumido.

Pelas manifestações do presidente eleito e seu entorno, o confronto será a regra com a imprensa. Deslumbrados com a popularidade nas redes sociais, a utopia delirante de pai e filhotes é a morte do jornalismo profissional. Como isso não passa mesmo de delírio, eles terão de pagar pra ver.

Pra fechar, acrescento que o futuro governo é um perigo nesse universo das liberdades individuais e de expressão – precisamente porque estamos diante de uma patota reverente a ideias desprezíveis, como o elogio da tortura. Por isso Bolsonaro cai no colo do Silvio e do bispo fake.

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