O ministério mequetrefe de Jair Bolsonaro

23/11/2018 22:30 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Voltando. Enquanto o blog esteve fora do ar por alguns dias, Jair Bolsonaro anunciou quase todos os ministros do futuro governo. Entre um anúncio e outro, as trombadas continuam. E tem de tudo na fauna até agora apresentada ao público. As ideias que norteiam a equipe do presidente eleito vagueiam entre o delírio e a pura estupidez. Mas tudo está de acordo com o mundo bolsonarista.

O Ministério das Relações Exteriores vai combater o “marxismo globalista”. O Ministério da Educação pretende implantar o Escola sem Partido. Na Agricultura, a ordem é liberar geral no desmatamento e no uso de agrotóxicos. O astronauta da Ciência e Tecnologia ameaça as universidades públicas. O Ministério da Justiça virou cabide de emprego para a patota de Sergio Moro, aquele ex-juiz imparcial.

Uma das marcas do futuro governo, como se previa, é a ostensiva presença das Forças Armadas. Os milicos voltaram com tudo. Pra avacalhar de vez na defesa de princípios dominantes dessa nova ordem, ministros indicados e demais patentes da turma querem fazer de 1964 motivo de festejo. Estamos vendo uma estratégia consagrada por autoritarismos de todos os tipos na História.

É a estratégia de reescrever fatos definitivos na vida de uma nação. E, como se sabe, haveria uma controvérsia quanto à ditadura militar – se foi mesmo um período que merece condenação ou, ao contrário, se foi a salvação do Brasil. É uma falsa polêmica. Defender as práticas de um regime que adota a tortura como método não é apenas errado; é uma postura obscena, uma fraude contra o real.

Na Educação, a escolha do ministro manteve o nível da comédia. Alias, a confusão para cravar um nome foi a primeira demonstração do forte poder da Bancada Evangélica sobre Bolsonaro. Formada por homens santos, verdadeiros pescadores de alma, a tribo obrigou o presidente a desconvidar o favorito inicial. O capitão, que na campanha jurou independência dos políticos, baixou a cabeça.

O episódio revela que a frase “Deus acima de todos” é mais que um simples slogan. Nada mais justo, portanto, que pastores, profetas e bispos evangelizadores decidam os rumos do país. A turma da bala, os fazendeiros do agronegócio e a rapaziada do mercado financeiro também estão na boa. Qualquer medida do futuro governo terá muito carinho com essas corporações.

As brigas com o jornalismo também continuam, o que será uma constante na gestão que começa em janeiro. E é justamente a área de Comunicação uma das últimas ainda em aberto na formação do ministério. Notícias sobre desavenças no núcleo familiar do presidente levaram seus filhos a esbravejar idiotices contra a imprensa. Um dos herdeiros foi cogitado para comandar o setor.

Não se sabe ainda quantos ministérios serão anunciados. É que Jair Messias havia prometido uma redução para 15, mas esse número sobe e desce umas três vezes a cada dois dias. O time que aí está, porém, praticamente fechado, joga à altura do estadista que o Brasil elegeu. É verdade que alguns escolhidos surpreendem pelo histórico de ideias alopradas, quando não apenas cretinas.

Cada ministério pode render comentários específicos. Os titulares para a Educação e Relações Exteriores sem dúvida merecem atenção especial. São os dois mais engajados na ideologia que seduziu Bolsonaro e seguidores. Que ideologia é essa? Como já escrevi aqui, eles são caçadores de comunistas, pregadores dos valores cristãos, leitores da Bíblia e adoradores da pistola. É doido!

(Volto nas próximas horas, com mais Bolsomito e outras lorotas).

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