Vereador Lobão – a voz da periferia – acerta em cheio sobre Haddad e Bolsonaro

26/10/2018 15:15 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Thomaz Nonô gravou um vídeo na varanda de seu apartamento milionário (à beira-mar, claro) com uma patética celebração a Bolsonaro, o capitão da tortura. Aos berros, parecia a ponto de uma síncope, tamanho o frenesi em exaltar a figura tosca que ameaça a democracia brasileira. Nonô também prega a extinção do PT e da esquerda. Está tudo na gravação que rodou as redes sociais.

João Henrique Caldas informa que se manterá “neutro” no segundo turno. Deputado federal, ele é o que alguns brincalhões chamam por aí de renovação na política alagoana. Embora não tenha coragem de revelar sua escolha, o rapaz dá uma pista sobre seu voto: ele lançou uma bizarra enquete para descobrir quem deseja ver o juiz Sergio Moro no STF. A presepada fala por si.

O tucano Rodrigo Cunha, senador eleito, também se saiu com essa piada de “neutralidade”. Defensor intransigente dos direitos humanos e da ética na política, ele diz candidamente: “Bolsonaro e Haddad não me representam”. A omissão covarde do jovem iguala duas visões de mundo contrárias. Pelo que entendi, não quer magoar os eleitores de um e de outro. Bem pragmático, prefere as sombras.

O também tucano Rui Palmeira, prefeito de Maceió, vota em Jair Bolsonaro. Agora vejam que pensamento luminoso: ele diz que não gosta de nenhum dos candidatos e que o segundo turno entre Haddad e o capitão da tortura é “bisonho”. Mesmo assim, ele tem uma queda pelo discurso do troglodita. Com essa visão crítica, prova que sua escolha é, por assim dizer, mais que bisonha.

Finalmente, chegamos ao vereador do Vergel, bairro da legítima periferia da capital alagoana – um pedaço da cidade que os bacanas gostariam que nem existisse. Anivaldo da Silva, o Lobão, o mais votado em 2016 para a Câmara Municipal, fez um discurso contundente, papo reto mesmo, sobre as diferenças entre Haddad e Bolsonaro. Chamou o milico de tudo e mais um pouco. Acertou em cheio.

Na terra de Nonô, JHC, Cunha e Palmeira – um quarteto do topo da pirâmide –, foi preciso que um vereador das quebradas soltasse o verbo sobre o que está em jogo nas eleições. Lobão denuncia o discurso racista e violento de Bolsonaro, e pede que o eleitor compare os dois nomes, para além dos partidos que representam. É isso mesmo. Vamos escolher entre a democracia e o obscurantismo.

Universo natural da hipocrisia, da dissimulação e da desonestidade, de vez em quando a política ainda surpreende. Figurões recorrem a malabarismos retóricos para justificar escolhas acanalhadas. É o que muitos fazem agora. Já outros tentam disfarçar, com tortuosas peripécias mentais, a atração pelo autoritarismo. Lobão vai na contracorrente. E mostra coragem. Está do lado certo da História.

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