Bolsonaro, Bancada da Bala e guilhotina

25/10/2018 15:42 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Jair Bolsonaro já negocia a destruição do Estatuto do Desarmamento. Quer liberar a posse de arma para todo mundo. Como ele acha que já está eleito, discute com sua corja de celerados vários planos que pretende levar a cabo na hipótese de sair vitorioso. E, claro, como o país tem problemas gravíssimos pra todo lado, uma prioridade, vejam só, é armar o “cidadão de bem”. Apontar! Fogo!

Essa tara, essa fixação insana em portar um 38 ou uma pistola, está inteiramente de acordo com a cabeça perturbada do sujeito que passou a vida toda defendendo grupo de extermínio, torturador e censura à liberdade de imprensa. E isso é só um brevíssimo resumo das criminosas ideias do candidato. Bolsonaro não tem proposta de combate à violência – a não ser incentivar mais violência.

Decidido a emplacar seus planos de um revólver para cada pessoa, o parlamentar do eterno baixo clero escalou um grupo para negociar com Rodrigo Maia, o presidente da Câmara dos Deputados que pretende garantir mais dois anos no comando do Congresso. Maia prometeu aos patriotas que vai levar à pauta da Casa projeto que desfigura por completo o citado Estatuto do Desarmamento.

Ou seja: para ver o sonho da pistola liberada pra tudo mundo, Bolsonaro precisa dos votos dos congressistas. E como ele é o “novo”, o nome do “antissistema”, que vai mudar tudo isso que está aí, está tramando com a Bancada da Bala. Bolsonaro apoia a reeleição de Maia, e Maia detona a lei que regula a posse e o porte de arma no país. Quanta novidade no jeito de fazer política, não é mesmo?

Não é deveras desolador que alguém que se diz “com a mão na faixa” dê prioridade a algo dessa natureza?! Ele não está antecipando negociações sobre projetos na área de educação, da saúde, da geração de emprego etc. Nada disso. Decisivo mesmo para mudar o Brasil é garantir a bandalheira do armamento amplo, geral e irrestrito. Isso sim é uma sinalização em favor da vida e da democracia.

E o toma-lá-dá-cá? Esse candidato das milícias e dos amantes da tortura diz que, com ele, vai acabar a troca de favores e a política dos conchavos. Ocorre que, nem eleito foi, e já pratica o oposto do que prega. Importante: nenhuma surpresa nesse comportamento. Só os ingênuos (ou os cúmplices) acreditam nas boas intenções de um sujeito que celebra a morte e ofende vítimas da ditadura.

As negociações entre Maia e Bolsonaro estão sendo costuradas por Alberto Fraga, deputado do DEM de Brasília, derrotado na eleição para governador do Distrito Federal. Esse cretino virou notícia nacional ao espalhar na internet calúnias sobre a vereadora Marielle Franco, assassinada em março no Rio de Janeiro. Fraga já se vende como futuro ministro de qualquer coisa. Combinam em tudo.

Para fechar, lembro que o candidato da “renovação” é o queridinho dos bancos e das agências de especulação financeira. É aquele pessoal que adora os pobres, você sabe. Sim, o voto é livre e vivemos num regime democrático. O eleitor tem plena liberdade de escolha. Defendo esse direito sagrado – ainda que a escolha de tantos seja, bovinamente, botar o próprio pescoço na guilhotina.

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