Os incríveis erros das pesquisas

09/10/2018 13:15 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

O Datafolha e o Ibope ficaram sem resposta para o que se viu domingo na hora do voto. É que os dois institutos erraram feio, muito feio mesmo, nas eleições de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, justamente nos maiores estados do país. Todos os cenários vistos nos levantamentos feitos durante a campanha foram desmoralizados pelas urnas. E isso vale para o Senado e para governos.

Quem estava lá atrás, segundo as pesquisas, apareceu disparado em primeiro lugar; e quem era o grande favorito, no painel dos pesquisadores, acabou sofrendo derrotas surpreendentes. Nesse último exemplo se encaixam os casos de Eduardo Suplicy, em SP, e Dilma Rousseff, em Minas. As eleições em SP e no Rio viraram de cabeça pra baixo – quando se comparam pesquisa e voto.

“Ficamos tão surpresos como todos os brasileiros”. A confissão é de Mauro Paulino, diretor do Datafolha, ao comentar, na Globonews, a discrepância entre os índices das pesquisas e a verdade do eleitor. Depois de frase tão eloquente, ele especulou sobre fatores de última hora que podem ter influenciado na mudança de rota de parte do eleitorado. Não foi muito convincente.

O que talvez os institutos não tenham percebido, e por isso não conseguiram captar devidamente, foi a “onda do cabo eleitoral Jair Bolsonaro”. Aí quem fala é Márcia Cavallari, diretora do Ibope, ao comentar a distância entre os números das pesquisas e a realidade. Para ela, foi avassalador, nos últimos dias, o movimento em direção aos candidatos alinhados ao presidenciável do PSL.

Citei exemplos de três estados, mas o festival de lambanças protagonizado pelos institutos de pesquisa foi visto em todo o país. Pressionados a dar explicações, essas empresas foram pouco esclarecedoras até agora. E assim ficará, porque o contraste entre índices de véspera e a votação real passou, digamos assim, do limite do razoável. Ibope e Datafolha tentam minimizar o escândalo.

Acontece. Desde que essa tradição se instalou, ou seja, desde que ficamos viciados em pesquisas, ocorrem erros chamativos. Haverá sempre a suspeita de manipulação, mesmo que o contratante do serviço seja o Convento das Freiras que vão para o Céu. Desconfia-se de tudo, sempre.

E já estamos à espera da primeira pesquisa sobre o segundo turno entre Bolsonaro e Haddad. A expectativa geral é que o candidato do PSL apareça bem à frente do petista. É a percepção decorrente da onda de direita que explodiu das urnas. Assunto pra outro post, talvez.

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