O caso Bolsonaro: o bom jornalismo contra a barbárie

28/09/2018 15:14 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Na guerra das eleições, um dos alvos principais é a imprensa. Internet adentro, hoje quem mais ataca o jornalismo profissional é a horda de fanáticos pelo candidato Jair Bolsonaro. Não são críticas duras – isso é natural e saudável na democracia. O que se vê são ataques violentos, o mais puro ódio, palavras e gestos que escancaram baixarias e, com frequência doentia, ameaças de morte a vários jornalistas. Muitos profissionais já foram agredidos fisicamente por exemplares “cidadãos de bem”.

Ao lado das agressões diretas, os alucinados que se apaixonaram pelo capitão da truculência estão engajados numa rede de mentiras, uma verdadeira fábrica de falsidades para tentar, criminosamente, interferir nos rumos da campanha. O jornal El País publica reportagem que mostra como isso funciona em grupos de WhatsApp. Agora vejam que pilantragem: essa é a estratégia de quem vota em Bolsonaro porque defende a “ética na política”. É o vale-tudo baseado exclusivamente em fraude.

Isso sem falar no Facebook, Instagram e YouTube. Montagens com falsas notícias são reproduzidas de modo escancarado, sem qualquer compromisso com a verdade dos fatos. Inventa-se de tudo para triturar os adversários e celebrar qualidades inexistentes nesta figura – Bolsonaro –, um dos sujeitos mais bizarros que já se viu na política brasileira. Bizarrice que se junta, sabe-se agora pela Veja, a acusações de roubo, patrimônio oculto e enriquecimento incompatível com a renda oficial.

Recebo de fontes e amigos exemplos de safadezas publicadas em redes sociais por gente de prestígio na vida pública alagoana. Personagens que vivem nos holofotes, com fala mansa e imagem de “intelectual”, vociferam cretinices de alto calibre, com insultos à população mais pobre, de onde sai a maioria dos votos de Fernando Haddad. Este é o padrão de senhores engravatados, que são até amigos e fontes de jornalistas afamados por aqui. Cada um com sua turma e valores exóticos.

Patético também que essas vozes, como já escrevi em textos anteriores, se pretendam especialistas em ciência política, filosofia e outras áreas do mundo acadêmico. Não passam de privilegiados, desconectados da vida real dos brasileiros, doidos para ver um projeto de tiranete mandando bala em quem não reza por sua cartilha. A esta altura da estrada, não tenho direito a achar quase nada surpreendente. Mas fico aqui pensando o que explica essa delinquência tão espraiada.

Não custa lembrar: os votos de Bolsonaro estão concentrados entre os mais ricos e os mais escolarizados. Quanto mais dinheiro, quanto mais diploma, mais adesão a ideias desprezíveis. E essa escória “elitizada” ainda tem a cara de pau de dizer que o povão é que não sabe votar. O Brasil de hoje atesta que é exatamente o contrário. É a turma lá no topo da pirâmide que prega, com histeria, o avanço do obscurantismo, que nega a Constituição, em nome de suas benesses. A patota das trevas.

Mas é preciso ressaltar outro aspecto, talvez o mais relevante de tudo isso. As escolhas dessa aristocracia desqualificada, embora com as tintas do fanatismo, estão plenamente de acordo com seus princípios de vida. É a nossa carcomida elite, que abomina “pão com mortadela”; aprecia a alta gastronomia, vinhos de alto custo, degustados em ambientes gourmet. Outra parte dessa clientela são bajuladores dos donos do poder, que, no delírio da ostentação, servem a senhores de engenho.

Exalto aqui o trabalho do jornalismo profissional – Veja e Folha, neste caso do Bolsonaro –, que pode investigar a fundo e revelar mazelas que de outro modo ficariam nos subterrâneos. A imprensa erra, é claro, mas seu papel na democracia é, e sempre será, uma baliza indispensável para a civilização. Fora disso, é a barbárie, com desprezo ao povo – como querem velhacos afortunados e seus filhotes com verniz de moderninhos. Sim, falo do Brasil e das espécieis ao nosso redor, aqui nas Alagoas.

Não peço voto para candidato nenhum. O arquivo deste blog revela como trato políticos e a política. Escrevo para exercer a liberdade de pensamento, sem concessões a poderosos de nenhuma casta. Os mesmos poderosos que, na defesa de seus eternos e criminosos privilégios, querem um pária chamado Bolsonaro na Presidência. Que a imprensa faça o trabalho que o Brasil precisa.

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