A temperatura sobe na campanha para presidente depois da pesquisa Datafolha divulgada na noite desta sexta-feira. Antes de especular sobre isso, vamos aos números. Jair Bolsonaro tem agora 26% e segue firme na liderança. Em seguida aparecem Ciro Gomes e Fernando Haddad empatados com 13% cada. O tucano Geraldo Alckmin registra 9% e Marina Silva tem 8% das intenções de voto. Marina, indicam os dados, despencou rapidamente, e hoje é praticamente descartada na corrida ao Planalto.
Ao contrário da candidata da Rede, o petista Haddad apresenta o crescimento mais significativo. Quando ainda era o vice de Lula, ele aparecia com 4% no mesmo Datafolha. Na segunda-feira (10), seu índice era de 9% no levantamento anterior do instituto. E agora, quatro dias depois, empata com Ciro nos 13% já mencionados. Já o ex-governador do Ceará manteve o mesmo índice registrado no começo da semana. No cenário de hoje, esta é a briga que tem tudo para incendiar a eleição.
Isso ocorre porque, dado que Bolsonaro está virtualmente garantido no segundo turno, não tem lugar para Ciro e Haddad na etapa final da disputa. Ou passa um ou passa outro. Em tese, correm atrás do mesmo eleitor. Claro que Alckmin pode superar ambos, mas esta é uma hipótese cada vez mais difícil, diante do movimento do eleitorado captado pelas pesquisas. O tucanato tem de suar muito.
Nesse quadro, com Haddad no chamado viés de alta, tirando votos de Ciro Gomes, a reação do pedetista não deve ser de carinho com o adversário direto deste momento. O mais provável é que comecem ataques mais contundentes de Ciro sobre o petista. Se a resposta for no mesmo tom, como disse, a temperatura vai subir e a pancadaria será a marca a partir de agora. A conferir.
Uma avaliação continua recorrente sobre Bolsonaro: sua elevadíssima taxa de rejeição é a fragilidade que será mortal no eventual segundo turno. Nada menos que 44% dos eleitores afirmam não votar no candidato de jeito nenhum. É o maior índice entre todos os concorrentes na eleição.
Segundo o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, é quase impossível um candidato se eleger no segundo turno com um índice de rejeição na casa dos 40%. A turma de Bolsonaro, portanto, terá de fabricar alguma mágica para fazer esse número cair. Ocorre que magia não é para qualquer um.
Vejam um dado que comprova a resistência da rejeição a Bolsonaro: mesmo vitimado pela facada desferida por um perturbado, o índice oscilou dois pontos para cima neste novo Datafolha. Ou seja, ninguém parece comovido a ponto de mudar de opinião, mesmo com o homem numa UTI.
Mas isso é encrenca para o segundo turno, caso o nome do PSL chegue mesmo até lá. Para os que brigam embolados num empate técnico pelo segundo lugar no primeiro turno, os dias seguintes vão mostrar para onde vai a cabeça do eleitor. Sem qualquer dúvida, é a campanha noutro patamar.