Na imprensa nacional, a eleição em Alagoas aparece de vez em quando, quase que exclusivamente com informações que incomodam as candidaturas dos nomes mais conhecidos. Num dia, a Folha traz algum veneno pra cima de Fernando Collor; no outro, a Veja informa algo inconveniente a Renan Calheiros (seja pai, seja filho). O Globo e o Estadão também noticiam encrencas nos bastidores.
De onde partem essas informações? Qual a origem de supostos episódios revelados a partir de fontes misteriosas? A explicação é simples. As campanhas têm profissionais com algum trânsito entre editores ou colunistas na grande imprensa. E a missão dessa turma é abastecer o noticiário com fatos favoráveis a seus clientes e, é claro, negativos às candidaturas adversárias. Pode ser verdade ou não.
Ávidos por “informações exclusivas”, os meios abrem suas páginas para interesses duvidosos e nada transparentes. Sendo assim no jornalismo profissional, imagine como anda a promoção de acontecimentos de campanha nas redes sociais. Na guerra, reza o lugar-comum, a verdade é a primeira vítima. A você, cabe a tarefa nada fácil de separar fato concreto de pegadinha eleitoreira.
Além das colunas em jornais e revistas, saem reportagens que também podem provocar algum impacto nas eleições. Nos últimos dias, por exemplo, Alagoas apareceu com destaque na Folha e na TV Globo. No primeiro caso, o assunto foi o Ranking de Eficiência, criado pelo jornal, para medir a qualidade dos serviços em educação, saúde, segurança e infraestrutura. Estamos no fim da linha.
No caso do jornalismo global, a emissora carioca redescobriu a seca em territórios do sertão alagoano. Exibida no Jornal Nacional – maior audiência da TV brasileira –, a reportagem reviveu aquelas cenas típicas do mais puro sensacionalismo e pieguice: gente chorando, com a panela vazia e sem água para beber. A Globo sabe que isso tem potencial explosivo no meio de uma eleição.
Mudando de assunto, mas ainda no campo da disputa eleitoral, um tema que sempre desperta curiosidade (e alguma surpresa) é o patrimônio declarado pelos candidatos. Alguns, notoriamente abastados, informam que nada possuem. Outros, com rotina aparentemente modesta, registram fortunas oceânicas. Este ano, aqui em Alagoas, o maior dos ricaços é apenas um “suplente”.
Depois da zoada sobre a aliança entre Collor e tucanos, candidatos caíram em campo atrás de voto, deixando o discurso de rebeldia no reino da ficção científica. As coligações se acomodam, cada uma na sua raia, e os postulantes ao governo e ao Senado percorrem todos os municípios, na maior parceria, tudo junto e intensamente misturado. Afinal, o que importa mesmo é seduzir o eleitor.
Sobre as pesquisas. Pelos primeiros números divulgados em Alagoas, a briga pelo Senado começa mais acirrada do que a disputa pelo Palácio dos Palmares. Renanzinho lidera com folga sobre Collor. Renan (pai), Benedito de Lira, Maurício Quintella e Rodrigo Cunha travam um duelo mortal por duas vagas. Mas, nos dois casos, governo e Senado, é mais prudente apostar num desfecho imprevisível.