Em dois dias, três pesquisas dos maiores institutos do país – CNT/MDA, Ibope e Datafolha – mostram o crescimento das intenções de voto em Luiz Inácio Lula da Silva na corrida presidencial. É o Brasil apresentando ao mundo um quadro tipicamente brasileiro: o líder absoluto para ganhar a eleição faz campanha diretamente da cadeia. A turma da Lava Jato e da Rede Globo não entendem o fenômeno.

Mais ou menos parecida é a situação da ex-presidente Dilma Rousseff. Vítima de um processo nada transparente que a derrubou do cargo, ela está virtualmente eleita para o Senado, bem à frente dos demais candidatos na eleição em Minas Gerais. No Datafolha, Dilma tem 25% da preferência do eleitorado. O segundo colocado tem 11%, numa disputa que, como se sabe, contempla duas vagas.

Os três levantamentos sobre a briga pela Presidência também apresentam o mesmo quadro quanto a Jair Bolsonaro. Sem Lula, ele fica em primeiro lugar, oscilando entre 18% e 22%. A má notícia para o capitão da reserva é que sua candidatura tem dificuldade para avançar acima desse patamar. Muito se fala que sua presença no segundo turno seria praticamente certa. Olha, não sei não.

A julgar pela fotografia do momento, sim, o nome do candidato está na liderança. Mas ele não tem uma diferença confortável em relação aos demais concorrentes. Não seria uma surpresa se, a partir de 31 de agosto, com a campanha obrigatória na TV, o quadro se tornar mais complicado para ele.

A pesquisa Datafolha parece mais ampla, e capta informações relevantes quanto à provável troca de Lula por Haddad como o candidato do PT. Está claro que o ex-prefeito de São Paulo tem forte potencial. Como escrevi no texto anterior, tem tudo para cravar uma vaga no segundo turno.

É uma tremenda ironia. De dois anos para cá, em nome dos “cidadãos de bem”, derrubamos Dilma e metemos Lula na cadeia. A “nova direita” festejou a morte do PT e da esquerda em geral. Tudo mudaria na eleição de 2018, com aquela turma nos braços do povo! Não é o que está aí.

A verdade é que a corrida está em aberto. Sem querer ser redundante, veremos se as coisas ficam como estão ou mudam radicalmente a partir da propaganda na televisão – e com Haddad no lugar de Lula. Lembrando que Geraldo Alckmin tem um latifúndio no tempo destinado aos candidatos.