Cerveja artesanal e barbearia para descolados. Que dupla! Agora Maceió entra de vez no circuito das capitais modernosas. Quando escuto falar nessas coisinhas que fazem a festa de certa rapaziada, sempre atenta às novidades da última moda, é como se estivesse lendo alguma paródia sobre universos paralelos. Avesso a frivolidades em geral, me pergunto de qual planeta essa gente veio.
São também alienígenas esses que propagam as maravilhas das comidinhas gourmet, a suposta elegância do mundinho fashion e as sessões com especialistas na arte das boas etiquetas. Tudo está concentrado por ali na geografia Pajuçara-Jatiúca. Se o público adepto desse raso modo de vida cair, por acaso, nas quebradas da capital alagoana, vai pensar que aterrizou em outro país.
Faz sentido. O tempo passa, mas uma tradição pra valer nunca desaparece. Refiro-me ao zelo desmedido que governos e autoridades dispensam às chamadas áreas nobres, com o mesmo empenho com que desprezam o resto da cidade e do estado. A maquiagem para turista ver é uma marca de nossas administrações, não importa a ala política que esteja no comando. É tudo igual.
Como estamos em ano eleitoral, a bandidagem que precisa de votos vai redescobrir as periferias e a pobreza de nossas cidades. Passada a eleição, todos retornam aos apartamentos à beira-mar e às mansões em praias privatizadas. Abominável é o jornalismo bajular esse ambiente cujo único valor é a boçalidade. A força da grana garante narrativas para exaltar o que, na real, merece é porrada.
Se a imprensa tem lá seus muitos pecados, arrisco dizer que na TV, então, o jornalismo está morto e bem enterrado. As pautas que merecem atenção de nossos editores e repórteres são de arrepiar. É o dia da pizza, são as festinhas do interior, é a campanha para financiar aventuras esportivas, são as dicas para o fim de semana... E vai por aí. A ordem parece ser esta: não vamos incomodar ninguém.
Abri o texto falando das barbichas estilizadas e da modinha de cerveja personalizada porque são assuntos dessa relevância que mobilizam esforços de nossa imprensa. Afora isso, o pessoal na TV não resiste a ruas esburacadas e a proselitismo de sindicalista ameaçando mais uma greve. É o caminho mais fácil para um arremedo de jornalismo. Enquanto isso, a traquinagem política corre livre.
Cada qual com suas manias, preferências e exotismos. O que acho deplorável é que determinados temas, exclusivos de uma patota, sejam apresentados como do interesse da maioria em grandes reportagens. Festinha particular não é notícia, não representa as demandas do público. Mas o que vemos é exatamente o contrário, um desfile de futilidades embaladas em belos textos.
Agora vou ali, na barbearia do seu Antônio, instalada há mais de 30 anos no Vergel. Na sequência, uma birita com o camarada Coelho para saber das novidades nos bastidores do rock alagoano. Antes, numa olhada pelo noticiário virtual em nossa terra, descubro que Deborah Secco e Luana Piovani pautam os grandes portais com suas ideias desconcertantes sobre o nada. Muito louco!