A tecnologia e o juiz que pode tudo

19/06/2018 15:24 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Juiz de futebol em campo é que nem Sergio Moro na Lava Jato: quem manda é ele e fim de papo. Não adianta o que dizem as provas (ou a ausência delas), o que vale é o apito e a caneta do homem. Na Copa da Rússia, a coisa mudou. Pela primeira vez na competição, a tecnologia está decidindo o placar final das partidas. Chegou o tempo do VAR, a sigla em inglês para o chamado árbitro de vídeo. 

Fim das controvérsias e dos debates insanos nas mesas redondas, nos botecos e nas esquinas? Jamais. Pelo que se viu até agora, quinto dia dos duelos entre seleções, a novidade incendiou a cabeça de jogadores, torcidas e comentaristas nos quatro cantos do mundo. Claro que o Brasil teria de protagonizar a papagaiada também nesse quesito, fazendo carnaval com as decisões do VAR.

Dois lances no jogo Brasil e Suíça levaram Galvão Bueno e reinstalar a teoria da conspiração contra nosso time. Para o narrador, assim como para outros patriotas, Miranda foi empurrado no gol suíço. E Gabriel Jesus sofreu pênalti quando tentava dominar uma bola perto da pequena área. Quase que alguém propõe um abaixo-assinado pelo banimento do juiz que julga no replay.

A revolta não tem fundamento em nenhum dos dois momentos do jogo. A grande piada desse episódio foi a CBF cobrando transparência da Fifa na aplicação das novas regras, com a solidariedade de Galvão. A reclamação chegou a ser formalizada em documento. Ora, esse antro de delinquentes, que é a instância máxima do futebol brasileiro, não tem moral para acusar ninguém de nada.

Tinha que ter mesmo o apoio da Globo, sua parceira na formação de quadrilha multinacional. Aliás, por falar em Lava Jato, nesse caso o Ministério Público brasileiro não dá um pio. Foi preciso que os Estados Unidos investigasse e botasse cartolas na cadeia. Por aqui, as autoridades do MP e do Judiciário não enxergaram nada de errado. E continuam cegos na omissão e na cumplicidade.

Quem também virou piada mundo afora foi Neymar, com suas caretas desavergonhadas, típicas dos piores canastrões, nas encenações de falta. É o clássico cai-cai. Depois de seu bisonho desempenho na estreia, se transformou na principal dúvida para o segundo jogo. Ninguém sabe o que o paparicado marmanjo pode aprontar diante da Costa Rica. Tite precisa enquadrá-lo.

A imprensa brasileira se divide entre a turma dos bajuladores e falsos isentos (a maioria) e o pessoal que fala o que precisa ser falado (uma minoria). Os especialistas são também de dois tipos: os jornalistas de profissão e os jogadores que se tornaram comentaristas. Nas duas patotas, são raros o equilíbrio e o senso crítico. Prevalecem mesmo a gritaria e o fanatismo tresloucado. É jogo duro.

Até o jogo que acaba de começar, entre Rússia e Egito, ainda não apareceu um craque absoluto e incontestável. A média é sofrível. Os grandes nomes estão devendo. Philippe Coutinho tem tudo para brilhar e sair consagrado da Copa. Mas, para isso, tem de se impor sobre as macaquices do camisa 10 da seleção. É só a primeira rodada. Muita pernada e bola fora estão chegando. Torcendo contra.

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