Entre linhas, tecidos e botões, ela liderou os negócios e inspirou a família

18/06/2018 19:49 - Clau Soares
Por Redação
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Arapiraca, na década de 1970, era conhecida em todo o País, e até internacionalmente, pela façanha econômica do fumo e pela feira livre que tomava quase todo o Centro da cidade. Enquanto a cultura fumageira vivia seu declínio, a feira continuava uma força decisiva para o crescimento local e atraía comerciantes e consumidores de todos os cantos, principalmente do Nordeste.

Foi justamente a feira livre que trouxe a família da pernambucana de Santa Cruz do Capibaribe, Inês Maria Feitosa do Nascimento, de 81 anos, para o agreste alagoano, há quase 50 anos. O esposo, Oscar Alves do Nascimento, chegou, primeiro. Vendia roupas na feira. Algum tempo depois, ela, junto com os filhos, veio passar as férias escolares com ele. O que era para ser temporário virou residência.

Além de cuidar das crianças, foram quatro no total, Inês costurava. Em Arapiraca, ia para a feira com o esposo. Com o tempo, as roupas foram substituídas por tecidos e, depois, por aviamentos. Aqui, os filhos crescidos já ajudavam no comércio.

A personalidade forte e o tino para os negócios estavam no DNA da jovem de Pernambuco. Enquanto a maioria das mulheres da época cuidava da casa e da prole, Inês, ainda solteira, já expressava a vontade de vender, mas o pai não deixava. Com o casamento, tudo mudou. Era o braço direito do marido que, em virtude da saúde frágil, se afastou cedo do trabalho.

Inês não se abalou e tomou a frente dos negócios, contando sempre com o apoio dos filhos. Foi assim que surgiu a Casa dos Retalhos, na Rua Guanabara, no bairro Capiatã. Até hoje, não há costureira na cidade que não conheça a loja que começou ao lado da casa onde a família morava e, há poucos anos, ganhou o nome da matriarca, Inês Aviamentos, e um prédio próprio em frente à casa onde ela reside.

Em um ambiente dominado por homens, ela liderava, fazia a escolha dos produtos, viajava. Pergunto se houve dificuldade e a resposta, entre risos, é uma lição preciosa de quem enfrentou a morte prematura de dois filhos, a grave doença do esposo e precisou ser a cabeça da família, a despeito do que sentia. “Tendo coragem, tudo é bom. Até hoje, não paro de trabalhar”, diz.

Atualmente, a empresa é comandada pelo filho e netos que herdaram o tino para os negócios e mantêm a loja em pleno funcionamento na Rua Guanabara. 

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