Assediado pela revolução permanente na língua culta, na fala do povo e na escrita em todas as plataformas, o sujeito, que vive pescando palavras, no delírio de produzir poemas, me parou no meio da rua e exigiu minha audiência para sua mais nova criação. Após tentativas inúteis de escapar, tive de ouvir as estrofes abaixo, em respeito à liberdade de expressão e à pluralidade estética. Disse-me, aquele trovador anônimo, que seus versos celebram esses “tempos sombrios”. Não tive saída. Lá vai.

 

Pertencimento

Lugar de fala

Outra narrativa

Política identitária

 

Igualdade de gênero

Manifestação fascista

Empoderamento

Moral sexista

 

Discurso de ódio

Marxismo cultural

Escola sem partido

Banalidade do mal

 

Estamento burocrático

Estado intervencionista

Estado mínimo

Refundação da política

 

Força e superação

Empreendedorismo

Uma nova polêmica

O neoliberalismo

 

Pós-verdade

Indignação seletiva

A era das fake news

Democracia inclusiva

 

#Lula livre

#Lula marginal

#Simples assim

#Pronto falei

 

Só sei que

nada sei

de tudo

 

sobre

o nada

que pensei