Encenação e candidatos incertos

08/05/2018 18:21 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Quando é que você vai anunciar a decisão de não ser candidato nas eleições que vêm aí? Tenho a impressão que este ano o índice de suspense em torno de virtuais candidaturas é bem mais alto que em anos anteriores. É quase uma moda. Mistura de marketing, jogadas e insanidades da política. Hoje, quem desistiu da urna foi Joaquim Barbosa. Para isso, pesou a opinião da família e amigos.

 

É tudo teatro. Ou quase tudo. O ex-ministro do STF patrocina uma zoada dos infernos, mobiliza partidos e caciques dessas agremiações partidárias, tem reunião com setores produtivos, vira alvo de um caminhão de matérias, reportagens, colunas e notas da imprensa – e, depois de tudo isso, avisa que vai pra casa. Barbosa informou sua desistência pelas redes sociais. Ele seguiu a moda.

 

Já tivemos ACM Neto, em Salvador, e Rui Palmeira, em Maceió. Os dois prefeitos, em segundo mandato, estavam na condição clássica de candidatura natural, automática e incontornável. Mas ambos recuaram do que antes parecia o caminho inevitável. Nos dois casos, não quiseram concorrer ao governo estadual. Provocaram abalos na formação de alianças dadas como certas.

 

Rodrigo Cunha anunciou o dia do anúncio. O deputado estadual tucano dirá nas próximas horas se embarca na disputa pelo Senado ou pelo Palácio dos Palmares. Cunha vende a ideia de renovação. Ao menos nesse movimento de ser ou não ser, o quase candidato reitera mesmo uma tradição. Téo Vilela, o ex-governador, é padrinho filosófico desse representante da “nova política” em Alagoas.

 

Nem todos os candidatos a presidente já lançados continuarão até o fim. Sem estrutura mínima e sem um discurso com algum conteúdo, aventureiros cairão fora e se juntarão a barcos mais poderosos. É questão de tempo. Com suspense, os grandes partidos estão enredados em impasses com várias candidaturas. O cenário de terra arrasada alcança todas as legendas tradicionais.

 

Em Alagoas, com alguma previsibilidade, esperemos pela decisão do ex-superintendente do Procon. Saindo ao Senado ou ao governo, será uma chacoalhada no panorama até aqui. Imprevisível, no entanto, é sabermos a taxa de sucesso de uma ou de outra aposta. Esse é o risco para o deputado

 

Mas eu queria mesmo era escrever sobre a figura da quase candidatura. Falar do não candidato. Escrever também sobre a desconexão que existe entre a vida real e os movimentos da política partidária. Do quanto há de encenação e de erro, involuntário e deliberado. Não deu muito certo. 

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