Suprema covardia

20/04/2018 13:38 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Com as exceções de Marco Aurélio Mello e Gilmar Mendes, nunca se viu o Supremo Tribunal Federal tão refém da grande imprensa como nos dias de hoje. E olhe que nos tempos do mensalão, Ricardo Lewandowski disse a um interlocutor – sem saber que havia jornalista por perto – que os ministros votavam com “a faca no pescoço”. As pressões vão sempre existir. O problema é como os ministros da Suprema Corte do país reagem diante de cada situação. Hoje, a maioria baixa a cabeça.

 

A ironia é que a ministra Carmen Lúcia, numa das tantas entrevistas para a Globo, disse que o STF não poderia “se apequenar”. Ela se referia ao caso das ações que contestam a prisão após julgamento em segunda instância. Não se apequenar, para ela, é não levar as ações à pauta do tribunal – ainda que haja o pedido de um ministro para que isso ocorra. É justamente a posição da ministra que mostra o Supremo apequenado. Ela impede a votação em obediência canina a interesses medonhos.

 

Diante do que se vê a cada votação, as palavras da presidente parecem ainda mais patéticas. Sentada na cadeira do comando da casa, ela age deliberadamente para garantir os resultados que terão o aplauso do Jornal Nacional. E não importa que isso signifique ignorar farta legislação e a própria Constituição do país. O chamado populismo judicial domina os julgamentos. A coragem de decidir com a letra da lei sumiu. O interesse número um é reproduzir o alarido justiceiro da rua.

 

Como já escrevi aqui, Roberto Barroso e Luiz Fux representam a degradação escancarada na corte. Nas sessões, a dupla é a garantia incontornável do espetáculo de demagogia. O que eles adoram mesmo é dar entrevista para Pedro Bial, Roberto D’ávila e Heraldo Pereira. São pródigos em chiliques e teatrinhos à base de indignação de fachada. Precisa ter estômago forte para aguentar.

 

Falei de Marco Aurélio e Mendes. Nessa temporada de acovardamento do STF, reconheça-se que Lewandowski também é uma exceção, com votos de acordo com os códigos da legislação, e não para atender ao suposto clamor popular. Na verdade, como já disse, essa pauta é a ordem que prevalece nos grandes meios de comunicação, a Globo à frente. Ministros fazem politicagem no STF.

 

Como apontam incontáveis pensadores, no Brasil e no exterior, a decadência da política, especialmente no Legislativo, dá ao Judiciário a avenida para correr na direção do poder absoluto. Juízes querem investigar, denunciar e condenar. Para isso, eles também usurpam o lugar do legislador – e anulam as leis em vigor a partir de suas cabecinhas tresloucadamente autoritárias.

 

Se essa patota conseguir tudo o que almeja, estamos perdidos. Suprema papagaiada, Batman!

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