“Bolsomito” – a piada e a irrelevância

18/04/2018 01:28 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Os mais ricos e os mais jovens adoram Jair Bolsonaro. Isso não é minha opinião. É o que apontam todas as pesquisas que sondam as preferências do eleitorado. E foi o que atestou, mais uma vez, o último levantamento do Datafolha, publicado no domingo (15/04). Agora é minha opinião: há alguma coisa muito errada nessa turminha de ricaços e na patota da juventude brasileira. Desculpem, mas uma mente um pouco saudável não combina com essa degradação.

 

Os dados da pesquisa revelam algo que merece uma tese. Numa tacada só, derrubam duas lendas urbanas que são repetidas desde sempre. A primeira garante que quanto maior poder aquisitivo, mais capacidade para se informar e, portanto, construir uma visão de mundo mais aberta e arejada. A segunda lenda aponta o jovem como o eterno agente da renovação, da vanguarda, da rebeldia. A paixonite aguda por Bolsonaro fulmina as duas crenças ilusionistas.

 

Não chegarei nem perto de uma tese por aqui, mas avanço um pouco nas divagações. Sobre os de renda mais alta, não há muito a acrescentar; está claro que o dinheiro não compra inteligência e muito menos princípios democráticos. Quanto aos jovens, ao contrário do que se costuma pensar, estão sempre prontos para abraçar os pensamentos mais reacionários, toscos e autoritários. Ou não é isso tudo o que resume o perfil político de Bolsonaro? A rapaziada gosta mesmo é de ganhar no grito.

 

Bastou aparecer um brucutu, com fuzil na mão e um coquetel de preconceitos no berro, para os meninos caírem de quatro. Deve ser a necessidade de liberar a energia vital que dizem existir nessa fase da vida. Para convencer os rebeldes sem rebeldia, é suficiente a demonstração de fanfarronice. Bolsonaro trata negros como gado, e dispensa a mulheres os piores xingamentos típicos de sua visão de mundo atrofiada. O que digo está eternizado na Internet. É só pesquisar.

 

Exatamente por essas razões, o elemento foi denunciado pela Procuradoria Geral da República. Seus crimes de racismo e pregação da violência contra a mulher foram gravados por ele mesmo. Ninguém precisa provar nada, ele próprio veiculou as aberrações, em entrevistas, palestras e manifestações pelas redes sociais. Tudo com sua indelével e cretina assinatura. Bolsonaro se orgulha de ser o que é, tem certeza de que as coisas funcionam com essa lógica da bestialidade.

 

Uma elite financeira burrinha e uma garotada acintosamente servil ao que há de mais atrasado. É uma tabelinha infernal. E as duas esferas acreditam que Bolsonaro representa algum avanço para o Brasil! Tudo bem que o mundo não faz sentido, mas como eu não preciso ajudar a piorar as coisas, escrevo para combater delinquências e insanidades. Espero que o tal “Bolsomito” continue a ser o que sempre foi, no lugar que lhe é mais adequado: uma piada sem graça, no circo da irrelevância.

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