Uma gangue escolhe novo presidente

17/04/2018 16:37 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

A quadrilha que administra o esporte mais popular do país escolhe seu novo presidente nesta terça-feira (17/04). Também conhecida como Confederação Brasileira de Futebol, a organização comprovadamente criminosa será presidida por um tal Rogério Caboclo. É homem escolado na tradição da casa. Ele não disputa a eleição com ninguém. Será aclamado. É o nome dos atuais comandantes da gangue. Tudo acertado para que nada ameace o esquema tático dos mafiosos.

 

O arremedo de eleição também renova os mandatos de toda a diretoria, incluindo os oito vice-presidentes da CBF. Entre os valorosos que ocupam esses postos cativos está o alagoano Gustavo Feijó, titular de uma Vice-Presidência para a região Nordeste. Estamos bem na foto? Feijó é prefeito de Boca da Mata, cargo do qual se licenciou em dezembro do ano passado. Ele responde na Justiça pela acusação de caixa dois na campanha. Recebeu, na moita, 600 mil reais da própria CBF.

 

O atual presidente da entidade, Marco Polo Del Nero, não pode sair do Brasil. Teme ser preso em decorrência do escândalo de fraudes e corrupção na venda de direitos para transmissão de jogos da seleção. Seu antecessor, José Maria Marin, está encarcerado nos Estados Unidos exatamente pelos mesmos motivos. A TV Globo está nessa até o pescoço dos irmãos Marinho – mas finge que não tem nada a ver com a história. Tite, o professor, prefere “não misturar as coisas”. Bola pra frente!  

 

Palco de delinquências a rodo, é claro que uma eleição na CBF tem todos os ingredientes que somente ali encontramos. No colégio eleitoral, o voto das federações estaduais tem peso 3. O voto dos clubes da Série A tem peso 2, e para os times da Série B, o peso é 1. É a fórmula perfeita para garantir a perpetuação do mesmo grupo. O eleitorado decisivo são as federações, sucursais da quadrilha-mãe. Para mantê-las no cabresto, o comando mantém a mesada em dia.

 

Para completar a comedia, o eleito de hoje não toma posse imediatamente, mas apenas daqui a um ano. Ninguém sabe explicar a razão dessa regra. Quando você lembra de tudo isso, fica mais fácil entender a mediocridade absoluta do futebol jogado no Brasil. Arbitragem delirante, cartolas corruptos e pernas de pau dando vexame a cada partida – eis um resumo do esporte que temos, dentro e fora dos gramados. Não será uma turnê pela Rússia que vai mudar esse descalabro.

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